O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a realizar nesta terça-feira (10), o segundo dia de interrogatórios dos réus apontados como integrantes do núcleo central da tentativa de golpe de Estado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) . Os depoimentos seguem até sexta-feira (13), sob condução do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal.
O primeiro a ser ouvido será o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. Segundo a Polícia Federal, ele teria colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro para ações golpistas. A suposta oferta ocorreu em uma reunião com os então comandantes das Forças Armadas, onde Bolsonaro apresentou propostas como estado de sítio e operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao longo do dia, também serão interrogados os seguintes réus, por ordem alfabética:
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF);
Augusto Heleno (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional);
Jair Bolsonaro (ex-presidente da República);
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro).
A audiência deve seguir até as 20h.
Resumo do primeiro dia
Na segunda-feira (9), abriram a rodada de depoimentos o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.
Cid confirmou à Corte que participou de reunião onde foi apresentado a Bolsonaro um esboço de decreto de estado de sítio, com previsão de prisão de ministros do STF. Ele também relatou ter recebido recursos do general Braga Netto para repassar a um militar ligado ao grupo de elite conhecido como “kids-pretos”.
Já Ramagem negou qualquer uso político da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento ilegal de ministros do STF e do TSE.
Próximos passos
Os interrogatórios fazem parte da reta final da fase de instrução do processo. A expectativa é que o julgamento do caso — que envolve acusações como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito — ocorra no segundo semestre deste ano.
Caso haja condenação, os réus poderão enfrentar penas que ultrapassam os 30 anos de prisão.
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