QUANDO 2026 CHEGAR: João Azevêdo ficará ou sairá do governo? – Por Flávio Lúcio

Por Flávio Lúcio - 07/01/2025

João Azevêdo deseja ser candidato ao Senado? Não tenho dúvidas que sim, já que esse é o objetivo de todo político ao fim do mandato de governador, sobretudo se bem avaliado. Volto a lembrar: Wilson Braga foi candidato, Ronaldo Cunha Lima, José Maranhão, Cássio Cunha Lima. As únicas exceções foram Tarcísio Burity e Ricardo Coutinho. Burity porque, caso renunciasse para ser candidato, entregaria o comando do governo aos opositores, já que seu vice, Raymundo Asfora, morrera no início do mandato.

Ricardo pelo mesmo motivo que pode levar João Azevêdo a permanecer no governo: um vice de outro partido e grupo político. No caso de Ricardo, Lígia Feliciano, no caso do atual governador, Lucas Ribeiro.

Embora tenha estabelecido relações amistosas com sua vice, Coutinho sabia que perderia o comando de sua sucessão assim que deixasse o governo e realizar o projeto de eleger seu sucessor se tornaria muito mais difícil. Lígia Feliciano governadora seria candidata à reeleição, e RC teria de decidir se manteria a candidatura de João Azevêdo ao governo ou se a apoiaria.

O dilema de João Azevêdo é semelhante ao de RC. Ele será candidato? Hoje, é provável que sim. No entanto, o governador tem pelo menos um ano e quatro meses pela frente para observar a evolução da conjuntura, inaugurar obras, potencializar a imagem positiva do seu governo, e a sua própria, amadurecer seus objetivos pós-2026.

Uma responsabilidade pesará de maneira significativa sobre os ombros do governador: encerrar um ciclo de mudanças e um modelo administrativo que produziu resultados positivos inegáveis para a Paraíba, projeto que começou com Ricardo Coutinho e que Azevêdo , à sua maneira, não só deu continuidade como, em muitas áreas, superou o governo anterior.

 

Lucas Ribeiro pode dar continuidade a João Azevêdo ? É improvável porque o atual vice governador tem outra origem, outra formação, pensa o estado de modo diferente e, sobretudo, teria outra equipe. Se for candidato, Lucas iniciará um novo ciclo.

No entanto, quando chegar a hora de decidir, será João Azevêdo e suas circunstâncias. Na sua decisão, o destino do seu grupo político terá algum peso, assim como a aliança nacional, ou seja, a composição do futuro governo Lula — João Azevêdo pode ser aproveitado como ministro? —, e, por último, mas não menos importante, muito pelo contrário, o potencial de uma candidatura do PSB para vencer as eleições para o governo.

Enfim, como aconteceu entre 2017 e 2018, a política paraibana ficará em suspenso à espera da decisão de João Azevêdo , já que as estratégias da oposição e do governo mudarão a depender de quem será o candidato do governo e dos efeitos políticos da decisão que o governador tomar.

Não só. Assim como aconteceu entre 2018 e 2026, a oposição conta hoje com alguns candidatos: Pedro Cunha Lima, Efraim Filho e agora, para a galhofa geral, Romero Rodrigues, que voltou a colocar sua candidatura, embora ache que o interesse de Romero seja outro e tem mais a ver com Campina Grande. Em 2018, a disputa no campo da oposição era entre Luciano Cartaxo, Romero Rodrigues e José Maranhão. Quando chegou a hora da onça beber água, o quadro virou pelo avesso: a oposição ficou sem seus principais candidatos, já que Romero e Luciano haviam desistido, Ricardo Coutinho permaneceu no governo, ao contrário de todas as expectativas, e João Azevêdo, também contra todas as expectativas — esse que vos escreve era uma exceção — estava em campo para vencer a eleição no primeiro turno.

Esse quadro vai se repetir? Ninguém sabe porque ninguém tem o dom da premonição. Sem a capacidade de antecipar o futuro, trabalho com três hipóteses: 1. Caso de João Azevêdo deixe o governo, Lucas Ribeiro será o candidato à reeleição com o apoio do bloco governista; 2. caso o governador permaneça, o candidato tende a ser Deusdeth Queiroga; 3. Caso Queiroga não se viabilize eleitoralmente, um terceiro nome pode emergir.  

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*Matéria publicada inicialmente no Blog Pensamento Múltiplo