Quando a luz da democracia precisa ser acesa, Santa Rita testemunhou um blecaute — não apenas elétrico, mas institucional. O protagonista? Epitácio Viturino, presidente da Câmara Municipal, que parece ter confundido a cadeira de presidente com um trono absolutista.
Em uma sessão que deveria garantir salários em dia e manter serviços essenciais da prefeitura funcionando, 15 dos 19 vereadores estavam presentes. Quórum mais do que suficiente. Mas, num espetáculo grotesco de autoritarismo camuflado, Epitácio resolveu desligar a chave — literalmente. Misteriosamente, a energia caiu. Sim, caiu. Mas não caiu o teatro, nem a máscara.
É importante lembrar: o papel de um presidente do Legislativo é garantir o bom andamento dos trabalhos da Casa, assegurar que os debates ocorram com liberdade e que o voto seja respeitado. O que vimos foi o oposto: um boicote explícito à deliberação democrática, uma tentativa desavergonhada de impedir que o colegiado exercesse seu papel constitucional.
A dúvida que paira no ar — além do cheiro de manobra ensaiada — é: desde quando o presidente da Câmara virou dono da luz? E mais: desde quando se permite que um único homem, com medo da derrota ou de contrariar interesses ocultos, paralise um Poder inteiro?
Enquanto professores, agentes de saúde e garis aguardam ansiosos seus vencimentos, o senhor Epitácio resolve brincar de rei da penumbra. Mais do que uma queda de energia, o que houve foi uma tentativa de escurecer a vontade popular.
Santa Rita não precisa de donos. Precisa de servidores públicos comprometidos com a cidade, e não com seus próprios jogos de poder. Epitácio Viturino terá que explicar se foi cúmplice do acaso ou mentor do apagão. De uma forma ou de outra, seu nome já está cravado na história: como o presidente que, quando mais se precisou de luz, preferiu a escuridão.