O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), jantaram no último domingo (19) no Palácio da Alvorada, em um encontro fora da agenda oficial. O clima do jantar foi de alerta: segundo relatos de bastidores, Motta advertiu o petista sobre a necessidade de “azeitar a relação com o Centrão” antes de enviar ao Congresso o novo pacote econômico que visa compensar as perdas da medida provisória do IOF.
A medida, que caducou no início de outubro sem ser votada, representou uma derrota significativa para o governo, com impacto estimado em R$ 30 bilhões na arrecadação. De acordo com interlocutores, Motta afirmou a Lula que a equipe econômica deveria adiar o envio do novo pacote até que o governo restabeleça diálogo com deputados de legendas do bloco de centro-direita.
O aviso veio em meio ao desconforto no Congresso com o “pente-fino” promovido pelo Palácio do Planalto, que começou a cortar cargos de indicação de parlamentares ligados à base após a derrota da MP. A decisão gerou irritação entre aliados, inclusive em partidos que compõem o Centrão.
Nos bastidores, o jantar entre Lula e Motta é visto como uma tentativa de reconstruir pontes políticas antes de novas votações decisivas. O presidente da Câmara teria destacado que “não há clima” para aprovar projetos que envolvem aumento de arrecadação ou cortes de benefícios sem um mínimo de recomposição política.
Durante a semana, Motta se reuniu com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para retomar o diálogo com partidos do Centrão. Na quarta-feira (22), eles encontraram lideranças do PP e devem, nos próximos dias, conversar também com dirigentes do União Brasil, Republicanos e PSD. O objetivo é repactuar a relação entre o governo e o Congresso após semanas de atritos.
Em entrevista na quinta-feira (23), Hugo Motta afirmou que o pacote de compensações à MP deve ser apresentado “até a semana que vem”, mas adiantou que o foco será o corte de gastos. Ele ainda descartou que o debate sobre renúncias fiscais — tema sensível entre empresários e prefeitos — entre em pauta neste momento.
“O governo precisa priorizar o ajuste interno antes de discutir aumento de arrecadação. Esse debate vai ficar mais para frente”, disse Motta.
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Com informações do Metrópoles


