A crise interna no Solidariedade ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (15), após o vereador Fábio Carneiro, presidente estadual do partido em João Pessoa, anunciar que irá acionar o Conselho de Ética do partido para apurar a participação de suplentes de vereador em reunião que oficializou apoio à pré-candidatura do prefeito Cícero Lucena (sem partido).
Durante entrevista ao programa Correio Debate, da rádio Correio 98 FM, Fábio foi categórico ao dizer que, caso seja comprovada a violação ao estatuto partidário, os envolvidos poderão ser expulsos da legenda e perder a posição de suplente conquistada nas eleições de 2024.
“Já temos conhecimento de quem esteve na reunião. Alguns nem sabiam do que se tratava, outros são comissionados da prefeitura e estavam lá em horário de expediente. Vamos notificar todos e abrir processo no Conselho de Ética. Se houver infração, vamos comunicar ao TRE e solicitar a substituição na lista dos suplentes”, declarou.
A reação de Fábio Carneiro ocorre após um grupo de suplentes da legenda anunciar, na última terça-feira (14), o rompimento com o deputado estadual Eduardo Carneiro — presidente estadual da Federação Solidariedade/PRD — e declarar apoio ao prefeito Cícero Lucena, contrariando a nova linha oposicionista do partido.
A movimentação foi vista como um contra-ataque da base, que se disse insatisfeita com a condução política de Eduardo, especialmente após o rompimento unilateral com a gestão municipal e a exoneração de indicados da sigla na prefeitura. A saída mais emblemática foi a do secretário de Serviços Urbanos e Zeladoria, Rinaldo Maranhão, aliado direto de Eduardo, que entregou o cargo após ser exonerado.
Nos bastidores, o episódio acirra o racha interno e expõe a disputa por controle da legenda na capital. Enquanto Eduardo e Fábio tentam reposicionar o partido como força de oposição aliada ao vice-governador Lucas Ribeiro (PP), dissidentes já cogitam migrar para outra sigla ou disputar o comando estadual da legenda.
Com a base dividida e ameaças públicas de retaliação, o Solidariedade entra em 2026 fragilizado, com risco real de esvaziamento político. A fidelidade ao prefeito Cícero Lucena, por parte dos suplentes, deve gerar novos embates jurídicos e partidários nos próximos meses.
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