Em política, existem vitórias mesmo nas derrotas eleitorais. É quando o resultado almejado, que é vencer a eleição, não é alcançado, mas o candidato derrotado sai bem maior do que quando entrou na disputa.
Esse foi o caso do Dr. Johny Bezerra na eleição de Campina Grande de 2024. Quando Johny lançou sua candidatura, as duas mais poderosas famílias de Campina Grande, os Cunha Lima e os Vital do Rego, que comandam juntas a cidade há 40 anos, não tinham a menor ideia da capacidade de arregimentação e convencimento do doutor. Por algum tempo, enxergava-se no jovem médico a figura do Davi que, com coragem, resolveu enfrentar o Golias.
E era assim mesmo que o povo via Johny. O jovem estudante que foi estudar em Campina e como estudante começou a viver a cidade e a torná-la sua. Johny não tinha berço político, não era herdeiro, mas era um vencedor que, com muita luta e apoio dos pais, se tornou um médico capacitado, um secretário de saúde competente e agora queria ser prefeito para mostrar como se administra uma cidade do tamanho de Campina.
Antes de sua mensagem de renovação se espalhar pela cidade, Johny tinha apenas 2% dos votos nas pesquisas. De casa em casa, de rua em rua, nas redes sociais, nas caminhadas e carreatas, sua mensagem de perseverança e fé começou a conquistar Campina e o coração dos campinenses. Johny tinha muito a dizer à cidade.
E a cada ponto conquistado nas pesquisas, acendia um sinal de alerta no gabinete de Bruno Cunha Lima. Quando ultrapassou os 10%, os adversários de Johny passaram a usar as armas com as quais sempre tentam impedir o surgimento de novas lideranças que possam ameaçar o domínio dos grupos tradicionais que mandam em Campina há décadas. Foi aí que começaram a chama-lo de “forasteiro”. Johny incomodava.
Foram os quase 35% dos votos obtidos pelo doutor no primeiro turno que levaram a eleição a um impensável segundo turno. Campina vibrou de novo e os Cunha Lima temeram pela primeira vez a derrota. A campanha de Johny reacendeu o velho ardor político de Campina, trouxe de volta a juventude para as ruas, tirou Campina do marasmo.
Mesmo com a derrota, os quase 100 mil votos obtidos no segundo turno revelaram para Campina e para a Paraíba sua mais nova liderança política. Uma liderança de novo tipo, rara na cidade, porque nasceu do seio do povo, não do berço do poder. Ou seja, com o resultado de domingo, Johny nasceu para a política grande, tornando-se o novo líder de uma oposição há muito carente de liderança e renovação.
Johny Bezerra pode ter perdido a eleição, mas Campina ganhou um novo líder.