Veneziano: Faça o que eu digo, mas não faça o que faço, por Fabiano Gomes

Por Fabiano Gomes - 12/06/2023

Só tive tempo de ler com atenção o texto no qual, através de sua assessoria, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) resolveu criticar a educação e o combate à pobreza do governo João Azevedo. Tem certas coisas que não dá para saber e ficar calado. Tudo bem, Veneziano é político, foi candidato de oposição na última eleição e derrotado por João Azevedo, tendo ficado em último lugar entre os principais candidatos. Mas, se Veneziano pensar bem, talvez compreenda que posturas como essas possam explicar esse resultado vergonhoso, já que, se tem uma coisa que o povo sabe fazer direitinho, é identificar político que faz de sua vida pública uma estrada em zigue-zague.

Por exemplo, dos quase quatro anos e meio do governo João Azevedo, Veneziano apoiou três, inclusive nomeando a esposa e os assessores de sempre para cargos importantes no governo, só deixando para romper às vésperas da eleição. Além do mais, de 1995 até 2022, Veneziano apoiou quase todos os governadores da Paraíba (José Maranhão duas vezes, Ricardo Coutinho e, como lembrei acima, o próprio João Azevedo). A exceção foi Cássio (2003 a 2009), de quem é hoje aliado, mesmo tendo feito nos últimos anos ferrenha oposição a Romero Rodrigues e Bruno Cunha Lima. Normal quando o assunto é Veneziano.

No contrapelo, compare com a trajetória de um Romero Rodrigues, hoje disparado a maior liderança política de Campina Grande, fato comprovado na última eleição quando, sem apoio de ninguém, obteve sozinho mais de 30% dos votos dos campinenses. O que explica isso, além da pujante e vitoriosa administração como prefeito.

Romero tem uma trajetória marcada por coerência e lealdade. Desde que conheci Romero, o Galo de Campina é do mesmo grupo político, seja na situação ou na oposição. Já Veneziano não pensou duas vezes em trocar o PDT de Brizola pelo PMDB de José Maranhão para ser candidato a prefeito de Campina, em 2004. Dez anos depois, quando Ricardo Coutinho ofereceu uma das vagas de Senador na eleição de 2018, Veneziano não pensou duas vezes para abandonar Zé Maranhão. Um ano antes, tinha traído Dilma Rousseff e votou a favor do impeachment, beneficiando Michel Temer, seu atual correligionário de MDB.

Se Vené continuar assim, pode repetir como um djavu o resultado do ano passado.