Uma carta para o amigo Wellington Farias – Por Eliabe Castor

Por Eliabe Castor - 16/10/2023

As mãos estão trêmulas. Garganta seca. Dor no coração. A minha mente ainda procura respostas. Sim, respostas para receber o impacto de tamanha notícia. E agora escrevo: meu amigo Wellington Farias se foi.

Partiu para não voltar. Pelo menos neste plano.  Seu sorriso hoje é lembrança em sua terra, a bela Serraria. Nas redações, há um sopro estranho, daquele que chega como uma lufada gélida tomada pelo luto.

Bom humor, mão amiga, voz doce. Calou-se “língua de tesoura”, deixando  em seu legado amores incontestes.  Eloise Elane, Lôla, seus filhos. Prole bacana. Orgulho do velho e bom Farias.

Eita, rapaz, não vou mais ligar para ti a fim de falarmos de política, assuntos da profissão. Fofocar sobre as coisas boas da vida.

Vida que começa gora, amigo, pois és estrela. Ser iluminado foste, e és. Só que noutro plano. Mas seu farol continua a navegar na boa leitura, letras fortes, firmes, com a genialidade de poucos.

E sim. Tive o prazer de conviver contigo desde há muito. Saía da UFPB para escrever no Correio da Paraíba, lá em 97. Veio você bater um papo de irmão mais velho e guiar meu ser em muitas ocasiões.

Conheceu, de fato, muito da minha vida. Como conheci seus relatos de felicidade e dor. Mais felicidade, claro, pois tu eras puro amor. Tempo de Sindicato dos Jornalistas. Nossas reuniões intermináveis.

E as indicações de leitura, Farias? Adorava Dom Quixote de la Mancha. Em certo tempo, até a barbicha de bode deixaste crescer. Uma figura ímpar.

E sua cabeleira, rapaz, que nos últimos anos estava branquinha, feito algodão. Era o Beethoven da escrita. Fazia, eu, esse paralelo, já que era gênio na música, pois, nela, você encontrou o caminho para ajudar o próximo. Sua escola toca notas de saudades. Sim, bons sons vindos de um sonho seu plantado e fincado na Serra da Jurema.

É, não dá mais para pensar de improviso, Farias. Violeiro não sou. E a cabeça tomba nas lembranças. Mais calmo, escrevo em pensamento.  Hoje, não dá mais. Você entende!

Obrigado, Farias! Valeu mesmo o tempo que ficou conosco.

No seu Dito e Feito, muita paz e luz, velho irmão!