Todo ano é a mesma coisa. Quando as prefeituras de alguns municípios da Paraíba anunciam suas programações festivas de São João, começa o debate a respeito dos altos cachês recebidos por cantores e bandas, sem que nada aconteça. E tudo volta a se repetir no ano seguinte.
Alguma coisa mudou neste ano da graça de 2024. Uma súbita preocupação com os gastos da Prefeitura de Santa Rita com a festa de São João da cidade, tem mobilizado o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba de um jeito que se pode dizer incomum. Afinal, Santa Rita não é a única cidade da Paraíba a promover festas durante o mês de junho. Longe disso, como todo paraibano sabe.
Até uma auditoria especial do TCE foi feita nas contas da Prefeitura, que, entre outras coisas, questionou a existência de dotação orçamentária para fazer pagamentos a artistas como Gusttavo Lima e Bell Marques, que, de tanto fazerem shows na Paraíba, já são considerados arroz de festa, embora o povo adore. Instado a se posicionar, o Ministério de Contas alertou sobre potenciais prejuízos a áreas essenciais, como Saúde e Educação.
Eu aplaudiria essa repentina preocupação do TCE com gastos com shows se o mesmo zelo que o tribunal demonstra ter com Santa Rita se estendesse a outros municípios, alguns dos quais com arrecadação menor que a cidade dos canaviais. Mesmo assim, esses municípios menores fazem festas bem maiores, contratando atrações por cachês até mais altos.
Por que só Santa Rita? Não quero crer que seja por conta do ano eleitoral, mas diante do fato da “denúncia” dos gastos ter partido de Nicola Lomonaco, que é presidente do AGIR de Santa Rita, dá o que pensar, não é mesmo?