Sete eram os pacientes na fila de espera para serem transferidos para uma UTI. Três foram os que conseguiram autorização – a tal regulação – para seguirem viagem. Os outro quatro… só o milagre de Deus. Podem, a qualquer momento, morrer por não ter aquilo que de graça recebemos, mas nunca agradecemos: o ar.
Do outro lado da maca era possível ouvir os batimentos acelerados dos corações da equipe de profissionais de saúde, desesperados para salvar vidas. As mãos trêmulas da médica seguravam o telefone na tentativa incansável de achar vagas para os que ficaram.
Sem sucesso, as lágrimas não são contidas, caem sem nenhum pudor. E ela na sua infinita bondade as esconde para não deixar o paciente ainda mais ansioso e até em pânico.
A cabeça a mil fica confusa tentando encontrar uma solução mais viável para não perder mais aquela vida. Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem também explodem no choro da emoção. Já não sabem o que fazer. Já não têm o que fazer.
O maqueiro, paralisado, já não consegue mais entender o porquê de dias tão difíceis e clama a Deus por uma intervenção. Sabe que somente Ele pode conter tamanha aflição. Entende que aquilo não é um castigo, apenas a consequência dos erros humanos.
Na recepção, mais funcionários tentam criar forças para não desanimar. Olham para pessoas sem máscara e imploram por cuidados avisando que somente pelo esforço coletivo vamos vencer essa pandemia. Alguns, no entanto, ainda debocham.
Tem muitos outros profissionais da área também, mas minha ignorância e minha crise de ansiedade não me permitem lembrar os nomes de cada profissão instalada nos hospitais espalhados pela Paraíba.
E se eu entro em crise só em descrever essa cena, imaginem o que estão vivendo os profissionais que as vêm de perto todo dia, toda hora.
Enquanto os governantes falam em hospitais entupidos, todos eles debaixo de suas vestes salvadoras sabem que o termo correto é mesmo colapso.
E se os hospitais colapsaram, suas mentes também estão bem próximas de seguirem o mesmo caminho.
Afinal, quem está cuidando de quem está cuidando dos doentes?
Salvem nossos profissionais de saúde!
*Foto: Álvaro Laforet/HM Hospitales