Botafogo-PB e Flamengo no Almeidão pela Copa do Brasil, jogo histórico, arquibancadas lotadas, a Paraíba respirando futebol. Essa era a promessa. Mas o que se desenha agora é um espetáculo esvaziado, não pelas cadeiras vazias, mas pela ausência de quem realmente importa, o torcedor botafoguense.
A diretoria da SAF vendeu um discurso bonito de valorização do torcedor botafoguense quando recusou os R$ 4 milhões pra mandar o jogo fora da Paraíba. Mas bastaram algumas reuniões, um empurrão aqui e outro ali dos órgãos de segurança, e pronto, 40% dos ingressos entregues à torcida do Flamengo. Mais do que isso, entregaram o lado do estádio que aparece na televisão, a arquibancada Sol. Vai passar no Prime Vídeo, da Amazon, como se fosse jogo do Fla em casa.
Pra completar a ópera, os ingressos chegam ao torcedor a preços que beiram o desrespeito. R$ 300 na arquibancada? R$ 500 na cadeira? Em que mundo vive essa diretoria? Certamente não é no de quem pega ônibus pra ir ao Almeidão, de quem aperta o orçamento mensal para poder acompanhar os jogos do clube do coração no estádio, de quem passava horas no sol em filas gigantescas para trocar notas fiscais por ingressos.
Eu que vos escrevo com humildade, não terei condições financeiras de ir – e olhe que o meu salário mensal é maior do que a média dos pessoenses. R$ 300 é muito mais do que um ingresso, é metade de um aluguel, de uma feira do mês, o dinheiro do gás que tá pra acabar e das contas de água e luz. E se a escolha era essa, de elitizar o acesso, transformar o torcedor em telespectador e pintar metade do estádio de vermelho, era melhor ter vendido o mando. Pelo menos o clube ficava com o dinheiro, porque o respeito à torcida já foi embora faz tempo.
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