A eleição de 2026 será mais uma oportunidade para confirmar se uma inusitada maldição que assombra a política paraibana continua a atormentar quem pretende se reeleger senador.
Isso porque o último senador a conseguir o feito de ser reeleito foi Humberto Lucena, em 1994. Aliás, Humberto permaneceu imune à maldição e, portanto, imbatível no mandato de Senador por 20 anos ininterruptos, morrendo em 1998 no cargo de Senador. Ele se elegeu pela primeira vez em 1978, voltando a vencer em 1986 e 1994.
Os senadores seguintes não tiveram a mesma sorte. A começar por Marcondes Gadelha, que foi a primeira vítima da maldição do Senado. Eleito em 1982, Marcondes foi derrotado por Antônio Mariz quando tentou a reeleição oito anos depois, em 1990. Quatro anos antes, fora derrotado para o governo.
A vítima seguinte foi Raimundo Lira. Eleito ao lado de Humberto em 1986, Lira mudou de partido, bandeou-se para o PFL e perdeu a eleição em 1994. Perdeu para Humberto, que morreria quatro anos depois, e para Ronaldo Cunha Lima, que desistiu da reeleição, em 2002, e disputou uma vaga de deputado federal.
Mariz não foi candidato em 1998 porque se elegeu governador, em 1994, permitindo assim que o primeiro suplente, Ney Suassuna, assumisse o mandato de Senador, em 1995. Isso significa que quando Ney foi eleito em 1998 para o Senado não se tratava de reeleição. Reeleição mesmo foi em 2006, quando, dessa vez, Ney foi derrotado para Cícero Lucena.
Em 2002, Efraim Morais foi eleito para uma das vagas de Senador na chapa majoritária em que Cássio Cunha Lima foi o candidato a governador (a outra vaga ficou com José Maranhão). Oito anos depois, em 2010, Efraim pai tentou se reeleger, dessa vez na chapa de Ricardo Coutinho governador, e foi derrotado. Cássio foi o mais votado para o Senado. José Maranhão preferiu se candidatar ao governo e também perdeu.
Maranhão seria eleito para o Senado em 2014. O ex-governador não foi candidato à reeleição, em 2022, porque foi uma das vítimas da Covid.
Cássio e Vital do Rego Filho assumiram os mandatos de Senador. Vital do Rego preferiu não testar os efeitos da maldição e aceitou um cargo vitalício no TCU. Cássio não fez o mesmo e… foi derrotado por Daniella Ribeiro e Veneziano Vital do Rego na eleição de 2018.
2026 vem aí. Daniella Ribeiro e Veneziano Vital defrontarão novamente com a sedutora opção da reeleição para o Senado, onde estão desde 2019. Não sabemos se os dois acreditam em maldições, mas que a maldição do Senado existe, ninguém duvida.