Projeto PRIMA. A primazia da esperança – Por Eliabe Castor

Por Eliabe Castor - 08/10/2023

A música como instrumento de realização, reintegração. Um novo olhar para a vida. Perspectivas mil. Boas-vindas de um tempo que já está no presente, buscando construir um futuro exitoso, dotado de sorrisos e sonhos não vividos.

E sim! A hora é o hoje, observando as problemáticas do passado como aprendizado natural. Um ontem para moldar o que já foi choro. Lágrimas imperfeitas diante de tantos tormentos. E nesse processo de reconstrução, trago nessas linhas a alegoria da fênix.

Pássaro belo, que baila no seu morrer, para renascer das cinzas na busca de um colorido possível. Cinquenta tons de beleza, firmeza, resiliência, por assim falar. E, no trilho, ou na trilha de sons, está a música. Música que enche os tímpanos do que já foi desespero.

Música que alimenta a alma, o alicerce do bem, e o viver bem, ao mesmo tempo. Tempo rei na Penitenciária Feminina Júlia Maranhão e noutras instituções de resguardo social. Tempo recluso que vem  sanar as enfermidades. Música que alimenta mente e espírito das reeducandas, reeducandos e seus familiares.

Utilizar a música como sopro divino. E esse é o projeto. A proposta do benquerer. Para si, para todos. Assunto sério e lúdico inserido no Programa de Inclusão Social Através da Música e das Artes (PRIMA). Vem essa boa ideia do Governo do Estado. Estado chamado Paraíba.

Sim, o PRIMA é projeto bom. Excelente na mais pura concepção da palavra. Um primor de afetividade para os que estão no início ou reinício de um tudo e um todos. E nesse caminhar não há espaço para grades. É pura liberdade. O sussurrar da cela dá origem a cânticos vigorosos. Melodia musical e milimétrica. Melodia da música revigorante.

Viva, sim, o PRIMA. Projeto que leva o Quinteto de Sopros a soprar o instrumento  chamado ESPERANÇA nas unidades prisionais de toda a Paraíba.

Mas afinal, o que é o PRIMA? Pergunto e respondo em uma só sentença. Não é forma para abrandar erros e delitos que ficaram no passado. Esse PRIMA está na ordem do dia da primazia. No dia da família, nas visitas aguardadas em puro gesto de amor.

PRIMA é parceiro na busca de dias melhores. Sim, dias melhores virão. E como virão?!!!!!

Na verdade, o dia já chegou. É o hoje sendo realizado em parceria envolvendo três secretarias: Administração Penitenciária, Cultura, e Educação, tendo o PRIMA com órgão executor.

Concertos estão sendo formalizados nas unidades prisionais em dias de visitas para incentivar que pais e mães apenados matriculem seus filhos na escola. Os alunos poderão ficar de posse do instrumento até os 18 anos, desde que permaneçam matriculados e participando das aulas nos polos do PRIMA na capital ou no interior.

E é isso! O PRIMA busca, na sua essência, no seu corpo melódico, inserir a música como elo de ligação entre os que estão cumprindo a sentença do que lhes foi dada pela lei como  ferramenta de ressocialização.

E muito mais que isso. O PRIMA é “objeto” voltado a colar cristais quebrados, tendo na música a cola afável para a reconciliação carnal e espiritual dos que têm a oportunidade de viver o hoje, tendo a certeza que, no retorno da penosa caminhada, a palavra vitória estará no sorriso de um fim em novo recomeçar.