O secretário de Saúde da Paraíba, Ari Reis, comentou, durante uma entrevista, a proposta do vereador de João Pessoa, Guga Moov (PSD), que visa obrigar médicos das unidades de saúde da capital a registrarem ponto eletrônico a cada duas horas. Segundo o secretário, a iniciativa, apesar de ter como objetivo aumentar o controle sobre as escalas de trabalho dos médicos, pode não ser a melhor solução para a dinâmica da profissão.
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“Essa cobrança sobre o controle das escalas médicas é algo frequente, especialmente em relação aos salários e à efetividade do cumprimento das jornadas de trabalho. Na Paraíba, já temos um sistema de monitoramento que utiliza ponto eletrônico, inclusive nas unidades hospitalares e na sede da Secretaria de Saúde. Além disso, também contamos com aplicativos de geolocalização que registram os plantões”, destacou o secretário.
Ari Reis enfatizou, no entanto, que a proposta de o ponto eletrônico ser registrado a cada duas horas nas unidades de saúde de João Pessoa, conforme sugerido pelo vereador, “é incompatível com a atividade médica”. O secretário explicou que, no contexto hospitalar, a frequência do registro poderia prejudicar a dinâmica do atendimento médico, que é altamente variável.
“Falar em saúde não é como em outras profissões, como a de engenheiro. O ambiente da saúde é muito dinâmico. O foco deve ser mais na produtividade, como a quantidade de pacientes atendidos, e não necessariamente na frequência do ponto eletrônico”, afirmou Ari Reis.
Ele destacou ainda que, no caso das unidades básicas de saúde, o médico já registra seus atendimentos através de sistemas informatizados do governo federal, que também prestam contas às secretarias municipais. “O ponto eletrônico é apenas um dos mecanismos que utilizamos para monitorar o cumprimento das jornadas. Temos outras formas, como os registros de atendimentos e os prontuários médicos”, completou.
O secretário também afirmou que, apesar de ser favorável ao controle de horários, o debate sobre a proposta precisa ser mais aprofundado, considerando a especificidade da profissão médica e as diversas ferramentas de monitoramento que já estão em funcionamento. “Nós já temos um sistema de controle efetivo. O que precisamos é um grande debate sobre como podemos melhorar a gestão da saúde pública, sem prejudicar o atendimento ao paciente”, finalizou.


