Certa vez escrevi que o Partido dos Trabalhadores, em terras da Parahyba, não foge à luta. E vez ou outra a sigla se transforma em um museu de grandes novidades, não observando que o tempo segue na retilínea estação da vida, pois os grãos da ampulheta são firmes em sua infindável contagem cronológica e que não perdoam erros.
E assim, em um anacronismo suicida, fez o PT algo que parecia ser impossível na questão ética, não política. Colocou novamente em seu berço o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, em 2021. Fato até certo ponto esdrúxulo. Ato cujo tempo não aceitava, exceto se forçado por decisões vindas do relógio de pulso humano.
Na época estava o ex-gestor da capital à frente do esquálido Partido Verde. Algo similar a uma espiga de milho. Ou um picolé de manga em pleno derretimento.
O equívoco petista
A pretensão do Partido dos Trabalhadores era pô-lo como candidato ao governo do estado em 2022, fato que não ocorreu, pois Cartaxo resolveu não arriscar, lançando-se, assim, a deputado estadual, que, como se sabe, obteve êxito. Em resumo puro e simples, o hoje parlamentar utilizou a sigla mais uma vez para seu usufruto, e nada mais.
Mas aqui vale um adendo: ele só foi eleito com os votos da legenda, já que sua votação não atingiu o coeficiente eleitoral, além de ter sido inferior à obtida em 2010, quando disputou o mesmo cargo.
Um mar de lama
Luciano Cartaxo abandonou o barco petista em 2015, quando uma série de denúncias, hoje comprovadas inverídicas, partiram da outrora fortaleza chamada Operação Lava Jato. Nela, existiam denúncias pré-fabricadas que apontavam atos de corrupção realizados por líderes do partido, estando na batalha cenográfica do Armagedom figuras de proa como Lula, Dilma e a direção partidária petista.
Disse o deputado estadual, na época, que sairia do PT para não afundar em “mar de lama”. Bem, saiu, e retornou após malabarismos na coxia petista. Mas, dentro do partido, muitos não suportam o cheiro de enxofre que exala dos vulcões da traição.
A vingança é um prato frio servido pela mais pura frieza
Como bem disse o colega e amigo Luís Torres, em sua coluna, “a vingança foi servida em forma de pesquisa feita pela Direção Nacional, recentemente apresentada aos petistas locais. Nela, o PT enterra as pretensões de Cartaxo que pretende retornar, como candidato petista, à prefeitura da capital, colocando-o com míseros 2%”.
Fato é que, mesmo seus colegas de partido, não obtendo grandes percentuais na pesquisa divulgada, não têm histórico de traição ao Partido dos Trabalhadores, a exemplo da deputada estadual Cida Ramos, a ex-prefeita de Conde, Márcia Lucena, ou a ex-deputada estadual Estela Bezerra, que não seguem a batuta do “filho ingrato”.
Importante lembrar que todas elas são pré-candidatas a prefeita de João Pessoa, e têm ampla capacidade de crescer ao longo do processo eleitoral, algo que Luciano Cartaxo não terá. Ou alguém duvida que Lula ou Dilma Rousseff gastarão suas papilas gustativas àquele que um dia os chamou de lama, lamaçal ou algo do gênero em putrefaçaõ?
Petista que é petista sabe o que Cartaxo fez no verão passado