O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou nessa quinta-feira (24) para Roma, onde participará do funeral do papa Francisco ao lado de uma comitiva composta por ministros, parlamentares e autoridades do Judiciário. Entre os nomes escolhidos está o deputado federal padre João (PT-MG). Mas, entre tantas presenças, uma ausência chamou a atenção – especialmente para quem acompanha a política da Paraíba: e o padre Luiz Couto, por que ficou de fora?
Ambos são sacerdotes católicos, filiados ao PT e com trajetórias parlamentares marcadas pelo compromisso com os direitos humanos, a justiça social e a fé progressista. Padre João, mineiro de Urucânia, está no quarto mandato como deputado federal e tem atuação destacada em pautas socioambientais e segurança alimentar. Já o paraibano padre Luiz Couto, de Soledade, foi deputado por mais de 15 anos, presidiu a Comissão de Direitos Humanos e relatou a CPI dos Grupos de Extermínio no Nordeste, um trabalho que resultou no pedido de indiciamento de mais de 300 pessoas, entre políticos e agentes públicos.
A escolha de padre João para a comitiva é legítima, mas não menos questionável quando se observa o simbolismo do momento. Luiz Couto tem uma história de resistência dentro e fora da Igreja, enfrentou perseguição por defender o uso de preservativos, o fim do celibato obrigatório e os direitos da população LGBTQIA+, e mesmo assim manteve-se firme na fé e no Parlamento.
Num momento em que o mundo se despede de um papa latino-americano com discurso voltado aos pobres e aos marginalizados, o nome de Couto parecia natural — senão indispensável — entre os representantes brasileiros.
A pergunta que fica no ar é simples: por que Lula escolheu o padre mineiro e não o padre paraibano para este momento histórico?
Talvez seja apenas uma questão de articulação interna, preferência pessoal ou até esquecimento. Mas, como diz o ditado, perguntar não ofende.
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