“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes”. A célebre frase foi soprada por ninguém menos que o ex-primeiro ministro da Inglaterra, Winston Churchill. E a reflexão do O bulldog britânico, como é conhecido o estadista na terra de rei Charles, pode ser inserida, de forma perfeita, em Campina Grande.
Toda a Paraíba sabe que a Rainha da Borborema é um dos celeiros políticos mais importantes do estado. E nesse castelo fortificado, grupos familiares, principalmente, têm papel importante no destino não só do povo campinense, mas dos paraibanos, como um todo, uma vez que as decisões tomadas na outrora Vila Nova da Rainha descem a serra e respingam no Palácio da Redenção, lar administrativo do Executivo estadual.
Pois bem! Em 2024 novo pleito virá, e com ele ferozes embates serão travados em Campina Grande, a julgar as escaramuças que já estão sendo observadas entre atores políticos naquele pedaço elevado da Paraíba. E não é de hoje que a gestão do prefeito campinense Bruno Cunha Lima (PSD) vem enfrentando o fogo dos opositores, aliados e ex-aliados.
A começar pelo clã Ribeiro, que rompeu com Bruno após uma sequência de fatos políticos, culminado com a saída de Lucas Ribeiro (PP), que era seu vice e hoje figura o mesmo papel, só que na vice-governadoria da Paraíba. Essa foi a primeira “morte” relevante do prefeito campinense. Outros mísseis vieram, e o gestor absolveu os impactos, embora apresentando avarias na sua blindagem.
Ele até conseguiu reverter perdas, ao formatar uma aliança com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e os agentes políticos que figuram no entorno do parlamentar. Porém, efeitos adversos surgiram com a aproximação aos emedebistas. Sintomático é o afastamento do deputado federal e ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSC), da sua esfera de influência. Como se não bastasse, há a perspectiva do deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB) também sair do campo de Bruno Cunha Lima e migrar para o bloco de sustentação do governador João Azevêdo (PSB).
Uma morte dupla para Bruno, pois as perdas seriam (ou serão) computadas diretamente no pleito de 2024, no qual o gestor campinense irá buscar a reeleição. E nesse jogo de equlíbrio surgem os nomes de Romero e Tovar.
O caminho fica ainda mais minado para Cunha Lima, já que os respectivos parlamentares têm intenção de disputar as eleições do próximo ano, embora as chances reais para uma possível postulação visando o Executivo de Campina Grande recaiam na figura de Romero Rodrigues, servindo como “balão de ensaio” o nome de Tovar, umbilicalmente ligado deputado federal.
São mortes políticas que Bruno Cunha Lima tem que suportar para não sucumbir aos sucessivos reveses que já sofreu e outros que estão por vir.