Pedro Cunha Lima raramente concede entrevistas, continua a ter uma presença muito discreta nas redes sociais, e, embora ainda seja candidato a governador, é como se seu nome não existisse nos debates sobre a eleição do próximo ano.
A impressão é que Pedro faz um esforço deliberado para ser esquecido, mas seu eleitorado resiste em abandoná-lo, já que ele continua pontuando acima dos 10% nas pesquisas para governador.
O que análises preguiçosas preferem chamar de “recall”, eu chamo de espaço vazio na política. A eleição de 2022 já havia sinalizado essa disposição de parte do eleitorado de buscar novas lideranças para preencher os espaços deixados por Ricardo Coutinho, José Maranhão e pelo próprio Cássio Cunha Lima, pai de Pedro, lideranças que dominaram as disputas eleitorais na Paraíba por duas décadas.
Lembremos que votação de Pedro na região metropolitana de João Pessoa, considerando as condições gerais, foi muito além da influência do próprio Cássio, que está afastado da política desde 2019. Sobretudo na capital, onde ele obteve 26,5% no primeiro turno e 58,1% no segundo.
O que explica essa votação? Pedro alcançou esse resultado (sem que aqui se faça qualquer juízo de valor) com um discurso contundente e corajoso, direcionado a alvos bem definidos, contra certos privilégios dos políticos e que deixaram de ser atacados — bandeiras que, ao seu tempo, também foram levantadas por Antônio Mariz e Ricardo Coutinho.
2026 pode repetir 2022 quanto à fragmentação de candidatos da oposição? Por enquanto, tudo faz crer que sim: Efraim Filho, pelo bolsonarismo, e Cícero Lucena, já estão em campo (em 2022, além de Pedro, Nilvan Ferreira e Veneziano Vital eram os outros dois nomes da oposição).
Como se vê, não apenas o enigma Pedro é difícil de decifrar. Ele será candidato? Uma resposta errada pode decidir o seu futuro. A esfinge da política continua à espreita para devorá-lo ou entregar-lhe a cadeira de governador como recompensa.