O Projeto de Lei 34/23 do deputado estadual Michel Henrique, que pretende alterar a denominação do contorno rodoviário chamado “Anel do Cariri”, de Zé Marcolino, um dos maiores poetas e compositores paraibanos, para João Henrique de Souza, o falecido pai do parlamentar, representa um caminhão de equívocos que a Assembleia Legislativa da Paraíba deve evitar cometer.
Não vamos entrar no mérito da justeza da homenagem filial. O deputado João Henrique teve seus méritos como liderança política do Cariri, ex-prefeito de Monteiro, ex-deputado federal e estadual. Não cabe, porém, homenageá-lo afrontando a memória outro caririzeiro, uma das maiores expressões da legítima música paraibana e regional, como Zé Marcolino, autor de músicas que todo nordestino aprendeu, desde cedo, a cantar, a exemplo de Cacimba Nova, Numa Sala De Reboco, Matuto Aperriado, No Piancó, Caboclo Nordestino, todas essas e mais outras tantas gravadas pelo mestre Luiz Gonzaga.
Nada que não possa piorar uma péssima ideia. A iniciativa de Michel Henrique acontece em pleno São João, no momento em que a música regional e suas vozes, especialmente o forró, sofrem um desprestígio inaceitável, cedendo lugar na festa que melhor representa nossas tradições culturais para artistas e ritmos de outras regiões do país que nada acrescentam à qualidade musical nordestina, da qual Zé Marcolino é um dos nossos melhores representantes. Flávio José que o diga.
A Paraíba não vai aceitar mais essa afronta aos seus artistas, deputado Michel Henrique. 2023 pode se tornar o ano do basta na Paraíba. Nossa música e seus músicos merecem respeito.
