O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atribuiu diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao seu filho, Eduardo Bolsonaro, a responsabilidade pela tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros. Em entrevista ao Jornal da Record, gravada nesta quarta-feira (10) no Palácio da Alvorada, Lula foi categórico: “O ex-presidente da República deveria assumir a responsabilidade, porque ele está concordando com a taxação do Trump”.
O petista afirmou que o deputado federal licenciado e residente nos Estados Unidos teve papel ativo na articulação da medida. “Foi o filho dele que foi lá fazer a cabeça do Trump”, disse. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, declarou em rede social que considera as tarifas “positivas” e sugeriu que a decisão de Trump foi uma reação ao julgamento do pai pelo Supremo Tribunal Federal.
A estratégia do governo é clara: associar o tarifaço à influência do bolsonarismo internacional. Segundo fontes do Planalto, a leitura interna é de que a medida americana pode se voltar contra os próprios bolsonaristas, ao gerar uma onda de solidariedade institucional em defesa da soberania brasileira, inclusive entre setores historicamente críticos a Lula.
“Queremos que ele respeite o Brasil. Eles têm que respeitar a Justiça brasileira como eu respeito a americana”, declarou o presidente. Ele voltou a defender que o país responderá à altura, utilizando a Lei da Reciprocidade Econômica caso a tarifa seja mantida até 1º de agosto.
Lula também criticou a forma como Trump oficializou a medida, por meio de carta publicada em seu site. “Achei que o material do presidente Trump era um material apócrifo, porque não é costume você mandar correspondência para outro presidente através de site”, ironizou.
O presidente brasileiro anunciou ainda a criação de um comitê com empresários para acompanhar os impactos do tarifaço e repensar a política comercial com os EUA.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o tom crítico e afirmou que a decisão de Trump “não tem racionalidade econômica” e é motivada por interesses políticos. Segundo ele, o próprio secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, havia reconhecido margem para negociação quando o tema era uma tarifa de 10%, mas que agora o cenário mudou radicalmente.
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