O Partido dos Trabalhadores, em terras da Parahyba, não foge à luta, e continua a ser um grande museu de novidades. Seguindo tal lógica, trouxe a agremiação, novamente, o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, para suas fileiras em 2020. Na época, ele dominava com mão donatária o já quase sepultado Partido Verde no estado. Mas, antes, ele deu um “pulo do gato” no PSD.
Um adendo: eu não sei se tal sigla (verde) ainda fecunda e vive no núcleo terráqueo. Isso só Dr. Spock, na sua “Star Trek”, pode confirmar. Eu apenas lembro que o ex-alcaide retornou ao porto trabalhador lançando sua cunhada, Edilma Freire, ex-secretária de Educação da Capital, a prefeita da outrora Filipeia de Nossa Senhora das Neves em 2020.
A estratégia foi um fiasco, claro! E não poderia ser diferente, pois Cartaxo deixou seus ex-aliados no muro das lamentações, como o tucano e deputado federal Ruy Carneiro, dentre outros tantos.
Mas só para pontuar que eu não falei das flores, hoje vejo o “filho pródigo” continuar cantando a velha canção de uma bastilha que caiu, lembrando seu sopro glacial, quando tentou colocar Nonato Bandeira, ex-vice, na alameda do esquecimento, porém o “projeto” não teve êxito.
O ex-mandatário pessoense queria sepultar Bandeira no sepulcro caiado, algo que foi infrutífero, pois o citado em pauta permanece vivo e com vigor na seara política paraibana e nacional.
E agora retorna Luciano Cartaxo exigindo ser o cisne belo do PT. Uma ousadia que ele põe na mesa por ser, diz sua figura narcisista, o melhor candidata a prefeito de João Pessoa nas pesquisas internas da sigla. Mas esquece, o ex-verde, hoje vermelho, que nada vale tal termômetro. O Partido dos Trabalhadores tem história, e com um H enorme. Não cede a caprichos únicos e solilóquio prepotente.
O PT tem, sim, importantes nomes para ser representado na chapa majoritária de 2024 à disputa pela prefeitura de João Pessoa, tendo, na atualidade, um expoente vigoroso, digo, vigorosa, de nome Cida Ramos, deputada estadual de grande potencial, seja pelo seu capital político, ou por suas ações parlamentares voltadas ao beneficio social, em especial aos destinados às pessoas de baixa renda ou em efetivo estado de vulnerabilidade social.
Um “trisco”
Ontem encontrei, ou esbarrei, com o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), em um supermercado. Cercado estávamos entre uma gôndola e outra. Ato contínuo, pensei em entrevistá-lo. Poderia ser um “furo de reportagem”.
Só que a ética exige prática. Estava o gestor com sua família. Em poucos segundos de diálogo, o de praxe, veio um boa tarde recíproco. Educado, disse ele parabéns à nova iniciativa do Grupo de Comunicação Fonte83, saudando o FonteCZ, portal que abarca em informações o município de Cajazeiras e região.
Só para refrescar a memoria:
Após entrevista concedida pelo então prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, ao jornal ‘Valor Econômico’, diz ele que o PT está (va) desgastado no Nordeste e reafirma (va) que escândalos nacional o fizeram deixar a legenda. Ele clasificou o Pratido dos Trabalhadores como sendo “um mar de lama.”No texto, o diretório acusa Cartaxo de ter sido ‘traidor e ingrato’.
Segue a nota na íntegra:
NOTA PÚBLICA
Em virtude das declarações emitidas pelo prefeito Luciano Cartaxo à imprensa nacional no dia de ontem em relação ao Partido dos Trabalhadores e ao governo Dilma, temos a dizer o que segue:
1 – A forma utilizada pelo prefeito de João Pessoa para se desligar dos quadros do PT sem pedido de desfiliação, sem qualquer diálogo, sem nenhuma conversa prévia e sem nenhum comunicado a este diretório, é o que podemos chamar de traição política sem precedentes na política local.
2 – De acordo com o depoimento público dos dirigentes do PSD, a exemplo do próprio presidente estadual Rômulo Gouvêia, o Sr. Luciano Cartaxo já havia acertado sua troca de partido há muito tempo, enquanto negava peremptoriamente aos seus auxiliares de governos e dirigentes partidários a realização do movimento para o qual foram convocados centenas de servidores públicos em pleno horário de expediente, e como de praxe sem serem avisados do objetivo da solenidade.
4 – Quando precisou de votos internos no PT para fazer valer sua candidatura, o alcaide cortejou todos os seus dirigentes e líderes. Não perdia uma reunião. Era o rei do diálogo. Agora, sentado no “trono” e com a caneta na mão decide tudo sozinho, descartando toda uma legião de companheiros e companheiras que participaram das grandes batalhas pela sua eleição e da construção de seu governo. Sua saída do PT se deu de forma vil. Seu gesto foi de covardia!
5 – Além da traição, a ingratidão. Cartaxo diz agora que nada tem a ver com Dilma e seus problemas de governo. Quando candidato de tudo fazia para associar sua imagem à Dilma e ao grande líder e eterno presidente Lula. Ao recorrer ao governo republicano da presidenta Dilma, encontrou portas abertas e uma mão amiga e companheira. Quase a totalidade das obras de sua gestão são realizadas com recursos do governo federal: a reurbanização da Lagoa, creches, casas populares, UPA’s. Nem mesmo praça a PMJP constrói sem recursos do governo central.
6 – Sobre a falsa e covarde divagação de suposta influência do PSB paraibano nas definições eleitorais petistas de 2016 que gerariam ameaças a sua candidatura, é oportuno lembrar que o prefeito tinha seu irmão na presidência do PT municipal de João Pessoa, uma ampla maioria na instância partidária e ainda uma resolução da direção nacional que lhe assegurava o direito legal a reeleição, sem disputar prévias. Também é oportuno registrar que foi exatamente o Sr. Cartaxo que liderou a aproximação com o PSB na eleição passada, quando a maioria do PT desejava acordo com o PMDB.
7 – O discurso do alcaide, ao que parece, busca na verdade escamotear o debate político e confundir os cidadãos e cidadãs de João Pessoa. A saída do PT tem dois objetivos imediatos: o deslocamento para o leito fácil do campo político conservador (para o qual medidas como o fim da política de transparência pública, ora em execução, são fundamentais) e a aliança com o PSDB do ex-governador cassado Cássio Cunha Lima, líder do movimento pelo impeachment da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff.
8 – Enquanto Cartaxo se apequena moralmente para conquistar o poder pelo poder, o PT segue na luta pela transformação da sociedade brasileira. Tiramos milhões da miséria, ampliamos o acesso a educação e a saúde pública, tornamos o Brasil mais respeitado no exterior, reduzimos a desigualdade social. Dificuldades momentâneas não nos tirarão do nosso projeto histórico: construir um Brasil mais justo, democrático, transparente e desenvolvido. Os covardes e os carreiristas se vão; ficam os lutadores e lutadoras, aqueles que não se vergam ao poder político e econômico.
João Pessoa, 22 de outubro de 2015.
APARECIDA DINIZ
Presidente Municipal do PT/JP