O mimetismo é o processo pelo qual um ser se ajusta a uma nova situação; adaptação. E assim vejo o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT). Quase no limbo da política paraibana após tomar decisões equivocadas enquanto esteve à frente do Executivo pessoense, deixando aliados fiéis na amargura, rompendo com quase todos para implantar um projeto político pautado no egocentrismo, viu-se só após sofrer derrota retumbante da sua escolhida na disputa do pleito municipal da capital paraibana em 2020.
Falo da sua concunhada, Edilma Freire. Na época, Cartaxo era o presidente estadual do PV, e isolou o partido para dar respaldo a uma receita puramente familiar. E isso quase o levou a “pá de cal derradeira”. Porém, o agora petista se reinventou e hoje tem bônus na agremiação que, por sinal, abandonou a mesma 2015. A alegação, na época, foi o não concordar com os “escândalos políticos” em nível nacional e a crise que passava o governo Dilma Rousseff, fato que acabou culminando com o impeachment da então presidenta da República.
Importante lembrar que Cartaxo não foi, e nunca será, escudeiro fiel de Lula ou Dilma, algo que o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) foi, e é. O mesmo vale para as deputadas estaduais Cida Ramos e Estela Bezerra, a ex-prefeita de Conde, Márcia Lucena, e o vereador de João Pessoa, Marcos Henriques, todos filiados ao Partido dos Trabalhadores.
Vale ressaltar, aqui, que as duas parlamentares disputarão a reeleição. No páreo para uma cadeira na Assembleia Legislativa da Paraíba ainda estão a ex-gestora condense e o próprio Marcos Henriques, observando, ainda, a postulação de Coutinho para disputar uma vaga senatorial, caso seja elegível.
A reinvenção de Cartaxo
Agora falo da reinvenção de Cartaxo, assumindo o papel de importante general do PT paraibano. Disputa, ele, sob a sombra da bandeira petista um assento na Casa de Epitácio Pessoa, tendo, inclusive, a quase certeza que sua esposa, Maísa Cartaxo, comporá a chapa majoritária do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) na qualidade de vice do emedebista.
Mas como Luciano Cartaxo conseguiu tal feito? Por tratativas políticas que apenas Shakespeare pode explicar com sua secular frase premonitória: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”. E assim é o ex-líder do Partido Verde, cuja agremiação ficou esfacelada pelos interesses particulares dele. Um ser dúbio, mas de grande persuasão.
E nessa jornada Cartaxo sabe, como os próprios dirigentes petistas da Paraíba, que tem ele ampla chance de ser eleito deputado estadual. Uma ironia, quase um paradoxo, alguém que não é palatável para boa parte do eleitorado petista ser eleito pelo partido que um dia rechaçou e até hoje leva a marca de traidor; ameaçando, inclusive, o projeto de reeleição de Cida e Estela, bem como um possível êxito de Henriques e Márcia Lucena na disputa eleitoral.
Cuidado, Vené!
Veneziano Vital do Rêgo deve medir, com precisão, quem estará ao seu lado como vice na sua chapa majoritária. É bem certo que o nome esteja ligado a João Pessoa. E há uma estratégia bem definida por Cartaxo para emplacar sua esposa em tal condição. E aqui não estou questionando a moral, muito menos a capacidade de Maísa Cartaxo.
O problema reside na “volatilidade” e facilidade que Luciano Cartaxo tem em sair do estado líquido para o gasoso, deixando seus aliados literalmente perdidos após sugar todo o sangue dos que se aproximam dele. E nessas idas e vindas, posso estar totalmente enganado, mas o passado, seja na vida pessoal ou política, deixa marcas indeléveis, inapagáveis. Por isso, precaução é a melhor medida a ser tomada quando o terreno é movediço.