Há bem pouco tempo, sempre no período que antecedia as festividades do Folia de Rua e do Carnaval Tradição, os órgãos de fomento à cultura se envolviam em polêmicas com direções de blocos, agremiações, escolas de samba, ala ursas e até tribos indígenas, em João Pessoa. Tudo isso ocasionado pela falta de planejamento e transparência na organização das festas e na divisão de recursos que envolviam as celebrações carnavalescas na Capital.
Para quem não lembra, há poucos anos, até o Muriçocas do Miramar, maior bloco de arrasto de João Pessoa, penava para conseguir apoio para desfilar pela Avenida Epitácio Pessoa devido à falta de incentivo público e privado.
Mas, hoje, a política cultural da João Pessoa vive uma nova realidade. Desde 2021, sob orientação do prefeito Cícero Lucena, a Funjope (Fundação Cultural de João Pessoa) vem promovendo uma política valorização cultural focada na diversidade e inclusão.
Prova disso é que a Capital voltou a pontuar com a realização de grandes festas no calendário anual de eventos; promove a preservação de equipamentos públicos; incentiva o desenvolvimento de grupos culturais, a exemplo da Companhia Municipal de Dança, que vem desenvolvendo um grande trabalho junto de crianças e adolescentes, com apresentações até fora do Estado.
De acordo com dados revelados pelo diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, no programa Ô Paraíba Boa, da Rádio 100.5 FM, foram mais de R$ 9 milhões investidos na cultura de João Pessoa só no período entre 20 de dezembro e 27 de janeiro deste ano, por meio de recursos próprios e em parceria com o Governo Federal. Isso tudo, só em política de valorização cultural e dos seus players, sem falar na realização de grandes festividades da época, a exemplo do Réveillon e do Forró Verão.
Um adendo, o leitor mais atento vai pesquisar e vai perceber que alguns gestores antigos sequer investiram esse valor na cultura em um ano inteiro, na Capital.
Ao todo, em menos de um mês, foram R$ 7 milhões oriundos da Lei Paulo Gustavo, investidos em 181 projetos culturais aprovados de João Pessoa.
No Carnaval Tradição, já foram pagos R$ 972 mil, com recursos próprios, para Escolas de Samba, Tribos Indígenas e Ala Ursas. O montante representou um aumento significativo de 20% no que cada agremiação recebeu no ano passado, ou seja, todos poderão preparar as suas alegorias e fantasias para desfilar na Avenida Duarte da Silveira (Beira Rio) com dinheiro no bolso.
Também foram pagos R$ 210 mil para ajudar 44 blocos independentes de João Pessoa – antes excluídos do bolo orçamentário -, que não são filiados à Associação Folia de Rua e nem ao Carnaval Tradição, para desfilar nos bairros periféricos da cidade.
Foram investidos mais de R$ 1,2 milhão na realização do Folia de Rua, com incentivo e apoio ao desfile do Muriçocas do Miramar, das Virgens de Tambaú, do Cafuçu, e outros blocos, com um diferencial, este será o primeiro ano da Via Folia, um espaço mais profissionalizado, com melhor segurança e conforto para o folião.
A Prefeitura ainda dispõe de R$ 4,4 milhões pré-aprovados pela Lei Rouanet para investimento no Carnaval de João Pessoa, com capacidade de aporte de R$ 5 milhões na realização das festividades – prévias do Folia de Rua e Carnaval Tradição -, com a inclusão e parceria da iniciativa privada.
Lembra do que falei no início do texto? São esses os principais motivos de não ocorrer mais aqueles conflitos na véspera de Carnaval que presenciamos há alguns anos.
O amadorismo deu lugar ao profissionalismo na cultura de João Pessoa.
Além do Réveillon, do Forró Verão, do Folia de Rua e do Carnaval Tradição, a cultura em João Pessoa se movimenta durante todo o ano, de maneira descentralizada. Tem finais de semana com cerca de 14 eventos públicos realizados simultaneamente em vários bairros.
Também há o trabalho no desenvolvimento de eventos, como Festival Internacional do Cinema, que já está com o aporte em recursos na ordem de R$ 800 mil aprovados, e apoio firmado por meio da iniciativa privada.
O espetáculo da Paixão de Cristo, que há alguns anos foi esquecido na Capital, já está com o projeto pronto, com estrutura e edital na praça para contratação de 55 atores e atrizes de João Pessoa, com cachê médio de R$ 3.000 a R$ 8.000, além das presenças de grandes artistas de renome nacional. Vai para o terceiro ano de apresentações no Largo da Igreja São Francisco, no Centro da cidade, com uma média de 10 mil pessoas presentes por dia de apresentação.
O Carnaval e a Semana Santa nem passaram, mas a edição 2024 do São João Multicultural de João Pessoa está com projeto concluído, preparado, na iminência de captação de recursos nos Ministérios do Turismo e da Cultura.
Não há como negar, além da profissionalização, a política cultural de João Pessoa deu um verdadeiro salto com planejamento, tranquilidade, organização e, sobretudo, diálogo com os agentes e atores culturais.
Parabéns aos envolvidos.