A menor distância entre dois pontos é uma reta. Mas pouca gente se recorda – e alguns professores se esquecem de avisar – que isso é válido apenas em um espaço plano. E como a política não é uma ciência exata, orbitando ela em espaço tridimensional, a coisa muda de figura.
Tão volátil quanto os preços dos combustíveis no país, os diálogos, alianças e rompimentos políticos podem ser realizados ou desfeitos em poucos segundos, bastando uma mínima faísca para dar início a uma combustão que imploda ou exploda alguém.
E nessa observação vejo que, a cada dia, as chances do deputado federal Efraim Filho (União Brasil) realizar seu sonho maior, que é figurar na chapa majoritária do governador João Azevêdo (PSB) como candidato a senador ser pouco provável.
E fatores existem, e não são poucos. O parlamentar, por exemplo, é um ferrenho condutor dos pensamentos bolsonaristas, algo que o chefe do Executivo paraibano nunca foi. Aliás, Azevêdo é desafeto quase pessoal do inquilino do Palácio do Planalto.
Outro ponto que a gangorra tende a colocar o parlamentar perto do solo, e não na parte mais alta do “brinquedo”. O deputado esquece que vem recebendo apoio de um elevado número de prefeitos justamente por estar no bloco de sustentação de Azevêdo.
Saindo, ele, das proximidades do Palácio da Redenção, certamente perderá um número significativo de apoiadores, que ficarão ao lado do governador, claro!
E observo outro fator preponderante que pesa contra Efraim: o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (Progressitas), que também busca um lugar ao sol na chapa majoritária do governador, a fim de disputar uma cadeira no Senado, foi ex-ministro das Cidades do governo Dilma, o que, de certa forma, agrada a agenda política de Azevêdo, que é dar palanque a Lula na Paraíba, mesmo PT e MDB garantindo o mesmo.
O poder de Cícero Lucena e os Ribeiro
Ainda há outro ponto importante: a presença incondicional do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), como principal avalista da postulação de Aguinaldo. E isso não é pouco. O chefe do Executivo pessoense está à frente do maior colégio eleitoral da Paraíba.
Há, também, Lucas Ribeiro, hoje vice-prefeito de Campina Grande e sobrinho de Aguinaldo. Um aliado importante. O deputado também tem em sua contabilidade eleitoral a imã, senadora Daniella Ribeiro, filiada ao (Progressitas), que na hora “H” não terá dúvidas em apoiar o irmão, aproximando-se, ou mantendo posicionamento neutro em relação à administração do governador.
O caminho é Pedro Cunha Lima
E Efraim Filho? Bem, caso a “bola de cristal” acerte, pondo Aguinaldo Ribeiro como postulante ao Senado; aquele ungido pelo governador do estado, restará ao parlamentar buscar novas plagas, estando em perfeita mira o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que disputará o governo do estado.
E assim a política não foi nem será uma linha reta ligando dois pontos. Ela dá muitas voltas até chegar ao seu objetivo momentâneo.