O diabetes mellitus, especialmente o tipo 2, representa hoje uma epidemia silenciosa. No Brasil, cerca de 10,6 % dos adultos (aproximadamente 16,6 milhões de pessoas) convivem com a doença, o que posiciona o país como o 6.º com maior número de casos no mundo (IDF, 2023). Aqui na Paraíba, estima-se que 5,3 % da população, ou cerca de 209 mil pessoas, sejam portadoras de diabetes, segundo os últimos dados do VIGITEL (2023). Diante desse cenário preocupante, o exercício físico surge como uma poderosa estratégia não farmacológica, promovendo adaptações que aumentam a sensibilidade à insulina, facilitam o transporte de glicose para as células mesmo sem estímulo insulínico e reduzem níveis glicêmicos em repouso e pós-prandiais (Colberg et al., 2016).
Entre os tipos de exercício mais recomendados, destacam-se o treinamento aeróbico e o treinamento de força. O aeróbico, como caminhadas, ciclismo e dança, promove redução da gordura visceral, melhora do perfil lipídico e controle da pressão arterial. Já o treino de força favorece o ganho de massa muscular, o que está diretamente associado à maior captação de glicose e melhora da homeostase metabólica. Estudos indicam que a combinação dessas modalidades, ao menos três vezes por semana, produz resultados superiores no controle da hemoglobina glicada e na redução do risco cardiovascular (Umpierre et al., 2011).
Além do controle glicêmico, o exercício físico reduz significativamente os marcadores inflamatórios crônicos, comuns em pessoas com diabetes tipo 2, como a proteína C-reativa. Também contribui para o equilíbrio hormonal e para a melhora do humor, fatores frequentemente afetados pelo curso da doença. O movimento atua ainda como fator protetor contra complicações comuns como neuropatias, retinopatias e doenças cardiovasculares, desde que seja orientado de forma individualizada, com respeito às limitações, riscos e com foco progressivo (Pedersen & Saltin, 2015).
É importante ressaltar que o exercício não substitui a medicação em todos os casos, mas pode reduzir a necessidade de medicamentos, além de contribuir para a reversão parcial da resistência à insulina. Profissionais de educação física têm papel fundamental nesse processo, atuando ao lado da equipe multiprofissional para garantir segurança, adesão e resultados concretos. A prescrição deve considerar aspectos como intensidade, duração, frequência e evolução das capacidades motoras, respeitando sempre o histórico clínico de cada paciente (ACSM, 2022).
O corpo foi feito para se mover – e no caso do diabetes, o movimento salva vidas. Não espere que os sintomas se agravem para mudar seus hábitos. O exercício físico é uma ferramenta poderosa, acessível e com efeitos comprovados na prevenção e no tratamento do diabetes. Mas ele precisa ser bem orientado, acompanhado e adaptado à sua realidade.
Procure um profissional qualificado e comece hoje mesmo a investir na sua saúde de verdade.
Seu futuro depende das decisões que você toma agora. Mova-se com propósito. Treine com ciência.


