Eu sinto o amor e a dor de ser mulher

Por Fonte83 - 08/03/2021

Se você me perguntar qual minha maior realização neste plano terrestre eu não vou nem piscar pra responder. É meu filho Lucas!

No entanto, o fato de um filho ser para mim a maior realização não me faz dizer às mulheres que elas são obrigadas a tê-los como faz a sociedade sexista que ainda as enxerga apenas como alguém que só serve para procriar e que se não o fizerem não são completas.

Nós mulheres podemos ser completas do jeito que escolhermos ser. Algumas querem ter apenas um filho. Outras querem ter vários. E tem ainda as que simplesmente não querem. E tudo bem!

As nossas realizações devem estar baseadas naquilo que nós sonhamos e não no que os outros acham que devem ser nossos sonhos, porque somos nós quem sabemos o que é melhor pra nossas vidas.

Ao longo da minha vida tive o desprazer de conhecer de perto, sentir na carne a dor do machismo estrutural que ainda vivemos, apesar de já termos conquistado tantas coisas. Não podemos negar as vitórias, mas como ainda falta muito, acabamos destacando os pontos da masculinidade tóxica que ainda domina nossa nação.

Vi os dedos apontados para mim quando decidi me separar do pai do meu filho. O fato de ter sido eu a decidir pela separação levantou todo tipo de suspeita, olhares julgadores, piadinhas sem graça e, pior, a revolta de quem não entendia como eu poderia deixar tudo o que havia construído para trás.

A maioria das pessoas ainda não está pronta para entender que não adianta as conquistas materiais quando não somos felizes.

Vi minha independência financeira ser um problema nos meus relacionamentos porque alguns homens ainda não aceitam não serem eles os donos de nossas vidas. 

Vi e ainda vejo meu filho ser motivo de chacota por entender que para ele ser homem de verdade não é preciso sair “pegando todas as minas” que ele vir pela frente.

Aliás, algo que eu sempre deixei claro pra ele e me orgulho muito de saber que ele aprendeu. Hoje ele sabe que respeitar as mulheres é algo natural e não uma obrigação. Ele sabe que não pode tocar nelas se elas não permitirem e que o amor precisa estar acima desse conceitos tortos criados pela sociedade patriarcal.

E se eu posso destacar uma grande conquista individual minha, é essa. Ter um filho homem que sabe que ele não está acima do bem e do mal e que sabe que a mulher não é um ser inferior a ele.

Eu vi muitas coisas. Vivi muitas coisas. E hoje, com tanta história pra contar, me sinto com autoridade para dizer: sim mulher, nós podemos ser o que quisermos ser! A sociedade machista não é dona da nossa vida, não pode nos ditar o que fazer ou deixar de fazer, não pode nos controlar.

Seja o que você quiser ser, porque o principal você já é: mulher!