A ascensão de Pedro Cunha Lima à presidência estadual do PSD na Paraíba marca uma nova fase para o partido no estado — mais distante do governo Lula e também do bolsonarismo. A mudança, oficializada no dia 11 de março de 2025, foi articulada pelo presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, e representa uma guinada em relação à gestão anterior, comandada pela senadora Daniella Ribeiro.
Pedro, ex-deputado federal e ex-candidato ao governo da Paraíba, assumiu o comando estadual da legenda após deixar o PSDB, partido em que construiu toda sua trajetória política. Sua chegada ao PSD não apenas reflete uma reorganização interna, mas também posiciona o partido como uma força de oposição no estado – já que Daniella é aliada do governador João Azevêdo (PSB) e tem o seu filho, Lucas Ribeiro (PP), como vice-governador.
O movimento causou desconforto na antiga direção. Daniella Ribeiro, que tinha uma postura mais alinhada com o governo federal, deixou a legenda alegando incompatibilidade com a aproximação do partido aos Cunha Lima. Para a senadora, uma aliança com lideranças tucanas seria inviável diante das divergências históricas entre os dois grupos na Paraíba.
A mudança local no comando do PSD acontece no mesmo momento em que o partido, no cenário nacional, dá sinais claros de afastamento do Palácio do Planalto. Até então visto como um dos partidos do Centrão mais próximos ao governo, o PSD passou a manifestar descontentamento com a atual partilha de ministérios. A bancada de deputados federais da sigla tem se mostrado especialmente insatisfeita com a baixa “capilaridade” das pastas sob seu controle, como o Ministério da Pesca.
Mesmo com o comando de 887 prefeituras e a maior bancada no Senado, o PSD se sente preterido em relação a partidos como o União Brasil, que mantém ministérios de maior visibilidade, como o Turismo e as Comunicações. A avaliação interna é de que o PSD entrega mais votos ao governo, mas tem menos espaço na Esplanada.
Esse descompasso tem levado lideranças da legenda a defender uma postura mais independente em relação ao governo Lula, o que pode se refletir em votações importantes no Congresso e até mesmo na configuração das alianças para 2026. Nesse cenário, o reposicionamento do partido na Paraíba sob o comando de Pedro Cunha Lima pode ser visto como uma peça estratégica dentro de um movimento mais amplo de realojamento político do PSD em todo o país.
Leia mais:
+ Pedro Cunha Lima assume comando do PSD na Paraíba com apoio de Kassab e aliados históricos