De símbolo de reconhecimento a ferramenta de bajulação de autopromoção: a banalização das honrarias na CMJP; por Feliphe Rojas

Por Fonte83 - 15/04/2025

Reprodução: CMJP

A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) transformou algo que deveria ser nobre — a concessão de títulos e honrarias — em um espetáculo deprimente de autopromoção e bajulação política. As homenagens, que antes tinham o propósito de reconhecer cidadãos que contribuíram de forma concreta com o desenvolvimento da capital paraibana, viraram uma moeda simbólica para agradar aliados e conquistar curtidas nas redes sociais.

A mais recente aberração foi o Voto de Aplauso aprovado na Casa, após proposta do vereador Fábio Lopes (PL), ao projeto de anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Um projeto que sequer tem o apoio da maioria da população brasileira. Afinal, o que está em julgamento não são meros delitos. Trata-se de, no mínimo, depredação e destruição do patrimônio público. O que não merece aplauso e sim reprovação e penas compatíveis aos crimes.

Mas os absurdos não param por aí.

O mesmo Fábio Lopes (PL), novato na CMJP, em outro gesto de puro proselitismo, propôs também um Voto de Aplauso ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, que fugiu do país alegando ser um “exilado político”. Um parlamentar que não moveu um dedo por João Pessoa — e que, com sorte, saberia localizar a cidade no mapa. Qual o mérito para essa homenagem? Ser filho do ex-presidente?

Outro caso escandaloso foi o do vereador licenciado Guga Pet, que propôs conceder o título de cidadão pessoense ao deputado federal por São Paulo, Bruno Lima, com o argumento de sua atuação em defesa da causa animal. Atuação essa feita em âmbito nacional, sem qualquer vínculo real com a cidade. Homenagear alguém que nunca colocou os pés em João Pessoa, apenas para surfar em pautas populares, é um desrespeito aos que realmente fazem a diferença aqui.

E como esquecer a concessão do título de cidadão pessoense ao ex-presidente Jair Bolsonaro, proposta pelo vereador Carlão “Pelo Bem”? Um político que já proferiu falas xenofóbicas contra nordestinos e paraibanos. O gesto não é apenas insensível — é uma afronta a quem vive, trabalha e luta diariamente por essa cidade.

Infelizmente, essas não são exceções. São exemplos de como o sistema de honrarias foi esvaziado de sentido. Em vez de homenagear mestres, servidores, ativistas e cidadãos que verdadeiramente contribuem para João Pessoa, vereadores optam por bajular figuras nacionais, muitas vezes alheias à realidade local, apenas para ganhar visibilidade política.