Era pra ser o jogo da definição. Terminou como o jogo da virada. A tão comentada reunião em Brasília entre Cícero Lucena, Hugo Motta e Aguinaldo Ribeiro prometia carimbar a candidatura de Lucas Ribeiro ao governo da Paraíba. Mas quem saiu carimbando foi Cícero — o passaporte dele para 2026.
Com a frieza de quem já viu muita bola na trave, Cícero aplicou um nó tático que deixou aliados zonzos e analistas em silêncio. Sepultou, com classe e um sorriso institucional, a ideia de que Lucas Ribeiro seria “o nome de João Azevêdo” custe o que custar. A narrativa da chapa pronta, alinhada e ungida evaporou no ar-condicionado da capital federal.
O prefeito de João Pessoa deixou claro que, no jogo sucessório, ninguém vai de salto alto. E se alguém quiser ir, que saiba que a pista é escorregadia. Cícero não apenas sobreviveu ao encontro — cresceu. Ampliou espaço, cravou sua presença na mesa e mandou um recado cifrado, mas audível: “não contem votos antes da convenção.”
A fala dele, como de costume, foi polida. Mas política não se faz só com palavras, e sim com gestos. E o gesto foi de quem não vai ser escada para ninguém subir. Vai disputar cada degrau.
No fim, o que era para ser a largada de Lucas virou o reinício do debate. A sucessão da Paraíba voltou ao ponto morto. E Cícero? Acendeu o farol alto e seguiu viagem, com cara de quem sabe que, se o jogo for jogado, tem chance real de levantar a taça.