Segundo revelou hoje o Fonte83, em reunião com algumas lideranças estaduais do PSB da Paraíba, João Azevêdo confirmou sua disposição de deixar o governo estadual para se lançar candidato ao Senado no próximo ano, e que Lucas Ribeiro assumirá seu lugar e será candidato à reeleição.
Até esse ponto, nenhuma novidade, já que a candidatura de João Azevêdo ao Senado foi delineada há mais de dois anos, assim como a de Lucas Ribeiro ao governo e a de Hugo Motta à outra vaga no Senado. A verdadeira novidade da reunião, segundo o radialista Fabiano Gomes, foi a indicação do nome de Deusdete Queiroga, atual secretário de Infraestrutura, para a vaga de candidato a vice-governador na chapa de Lucas Ribeiro.
A candidatura ao governo de Queiroga, o do PSB, chegou a ser ventilada há alguns meses dentro do partido, mas a ideia foi logo descartada. Talvez porque João Azevêdo tenha desestimulado a iniciativa, já que o governador sempre buscou evitar que as águas límpidas de sua sucessão fossem turvadas por dúvidas quanto à efetivação do acordo firmado com Aguinaldo Ribeiro e Hugo Motta. Ou talvez porque o plano de lançar Deusdete Queiroga como vice tenha sido colocado sobre a mesa desde o início, mas deixado em hibernação à espera do resultado da eleição em João Pessoa e do desempenho de Cícero Lucena, que soube dos desdobramentos das conversas entre João Azevêdo, Aguinaldo Ribeiro e Hugo Motta apenas pela imprensa.

Quando o acordo entre os três foi selado, no início de outubro de 2023, a situação política do prefeito de João Pessoa não era à época muito favorável, e havia mesmo dúvidas quanto à sua reeleição. Após passar no teste e vencer com folga a disputa na capital, Cícero Lucena ganhou uma dimensão política e eleitoral que não poderia mais ser ignorada. Prefeitos de João Pessoa costumam ser lembrados como potenciais candidatos ao governo do estado. E foi exatamente o que Cícero fez, lançando sua candidatura ao governo à revelia do acerto feito entre João Azevêdo, Aguinaldo Ribeiro e Hugo Motta, que completará dois anos em outubro.
Embora tenha se movimentado nessa direção, Cícero Lucena ainda não deu o passo decisivo do rompimento porque aguarda, pacientemente, o movimento do bloco governista que formalizará a candidatura de Lucas Ribeiro ao governo — movimento reivindicado há duas semanas por Aguinaldo Ribeiro e que João Azevêdo, em seu estilo pouco direto, começa a dar sinais de que irá finalmente aderir, antecipando o esperado anúncio. Cícero decidirá enfim sobre seu habeas corpus.
E a candidatura de Deusdete Queiroga a vice-governador parece ser o último estágio dessa batalha psicológica entre o prefeito de João Pessoa e o grupo liderado hoje por João Azevêdo. Cícero Lucena recuará de sua pretensão e aceitar indicar o nome do candidato ou candidata a vice? Ou continuará reafirmando sua disposição de concorrer ao governo?
Caso a segunda opção se confirme, a inclusão de Deusdete Queiroga na chapa representará o fechamento de portas e janelas para Cícero Lucena, que não terá outra opção senão lançar-se candidato pela oposição. Com isso, reforçará sua já favorável posição eleitoral — que, no entanto, ainda carece de estrutura política, sobretudo na região polarizada por Campina Grande, onde Pedro Cunha Lima e Veneziano Vital do Rêgo o esperam de braços abertos.