“Arrependimento silencioso” de Hugo Motta sobre falas do 8 de janeiro não é suficiente. Ele precisa se retratar – Por Feliphe Rojas

Por Feliphe Rojas - 10/02/2025

Deputado federal Hugo Motta (Republicanos), Presidente da Câmara Federal.

O colunista de O Globo, Lauro Jardim, deu nesta segunda-feira (10) a informação de que o presidente da Câmara, o deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos), teria se arrependido de suas falas sobre o 8 de janeiro e que adotaria, a partir de agora, a estratégia de evitar o assunto.

Pegou mal. Pegou muito mal com lideranças políticas de esquerda e com jornalistas. Um deles foi Otávio Guedes, comentarista da GloboNews, que apontou uma dubiedade na postura de Motta e questionou quem seria o verdadeiro Hugo Motta: o que terminou o discurso de posse como presidente da Câmara com um “ainda estamos aqui”, em referência ao filme Ainda Estou Aqui, que denuncia crimes da Ditadura Militar, ou o que “passa pano” para golpistas.

Para apagar essa péssima impressão que deixou com parte considerável da população e segmentos do Brasil, não vai bastar apenas não tocar mais no assunto e fingir que nada aconteceu. Hugo Motta precisa se corrigir.

Vejam bem, não haveria nada de errado em ele defender penas mais brandas e a revisão de caso a caso para que não aconteça nenhuma injustiça. Mas dizer que não foi tentativa de golpe é um equívoco não apenas de percepção da realidade, mas também um equívoco jurídico. O Código Penal tipifica como crime a tentativa de golpe de Estado (art. 359-L), com pena de 4 a 12 anos de prisão, e a Justiça já reconheceu que os ataques às sedes dos Três Poderes foram resultado de uma ação coordenada.

Por meses, manifestantes permaneceram acampados em frente a quartéis pedindo intervenção militar, com apoio de influencers com milhões de seguidores, do ex-ministro e candidato a vice-presidente Braga Netto, que disse aos manifestantes que não desistissem, e até mesmo de Jair Bolsonaro, que se manteve omisso enquanto sua base radical crescia e ameaçava atos de violência. Pelo que se sabe até o momento, Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, esperava receber apoio das Forças Armadas para decretar estado de sítio ou uma interpretação distorcida da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Hugo Motta pisou feio na bola e expôs a Paraíba, um estado símbolo de resistência contra movimentos autoritários e que nunca deu vitória a Bolsonaro nas eleições em que o atual ex-presidente disputou, a uma situação vexatória e constrangedora. Ele precisa consertar esta situação.

Ou, se mesmo com os argumentos expostos pelo colunista, ele ainda achar que não foi uma tentativa de golpe, que banque a sua opinião e não recue!

 

Feliphe Rojas
Fonte 83