A Semana Santa foi iniciada, e mesmo nela, o “mar não está para peixe”, pelo menos na ceia do governador João Azevêdo (PSB). Tão logo desembarque no aeroporto Castro Pinto, findada suas férias no “Velho Mundo”, o chefe do Executivo Paraibano terá que realizar não só uma, e sim duas “Escolhas de Sofia” relacionadas a sua chapa majoritária.
A tarefa, sem dúvida alguma, será hercúlea, pois o conflito de interesses dos partidos políticos e lideranças partidárias que apoiam o socialista são, em muitos casos, antagônicas. E aqui cito dois estorvos que Azevêdo enfrentará a fim de ter uma relativa unidade que dê margem suficiente para ter ao seu lado nomes competitivos que lhes garantam votos na sua tentativa de reeleição.
O governador necessita de um nome forte para a vice-governadoria e, claro, outro que será ungido por ele a ser postulante a uma cadeira no Senado. E aí reside o problema: o Republicanos, comandado pelo deputado federal Hugo Motta, e boa parte dos principais timoneiros da agremiação partidária, a exemplo do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, já declararam que continuarão na base do socialista, mas que apoiarão Efraim Filho (União Brasil) e sua candidatura senatorial.
É sempre bom lembrar que o deputado federal Efraim Filho rompeu com Azevêdo e hoje está na majoritária do seu colega de Câmara, Pedro Cunha Lima (PSDB), que disputará o Governo do Estado. E é nesse ponto nevrálgico que a situação tem coloração turva. O também deputado federal Aguinaldo Ribeiro (Progressitas) exige uma união, ou pacto fechado, no entorno político do governador, não aceitando dualidades.
João não pode ser ciclope, e terá que ouvir aliados como Cícero Lucena, Tião Gomes e Wilson Filho para não sucumbir
E tal exigência de Ribeiro tem simples compreensão. Busca ele ser o candidato ao Senado “exclusivo” de João Azevêdo, não aceitando fragmentações, pois tem Efraim Filho seu opositor direto. Então, nesse embate de titãs, o chefe do Executivo paraibano terá que aterrissar em solo nativo não como um ciclope, grande criatura mítica que possui força descomunal e apenas um olho no meio da testa.
O governador precisará ter uma visão completa, dotada de dois olhos bem abertos. E muito mais que isso, necessitará de um “time” correto para manter sua base aliada coesa, cuja opção mais lógica seria formar uma chapa com Galdino a vice-governador e Aguinaldo Ribeiro postulante a senador.
E para que o encanto aconteça, não bastará, apenas, o desejo dos seus aliados intramuros do Palácio da Redenção. É necessário que figuras políticas de ponta na Paraíba entrem em ação, e já estão, a exemplo do vice-líder da Assembleia Legislativa da Paraíba, Tião Gomes (PSB), um grande estrategista político que busca seu nono mandato consecutivo, o não menos qualificado Cícero Lucena, prefeito de João Pessoa, e o líder do Governo na ALPB, Wilson Filho (Republicanos).
Pedro e Veneziano crescem
É interessante observar que Pedro começa a ser Grande após aliança firmada com Efraim Filho. Já Veneziano navega em gôndola robusta por ter o apoio do PT nacional e, claro, estadual. E a ascensão eleitoral de ambos é nítida.
Agora vou até o velho adágio que diz: “ Em terra de cego quem tem um olho é rei”. Mas ele não condiz com a realidade local, pois a Paraíba sente, ouve, vê e degusta política desde os tempos das capitanias ultramarinas portuguesas no Brasil.
Por isso, Azevêdo precisa abrir os dois olhos para não sucumbir no seu projeto de reeleição, afinal o mar não está para peixe, muito menos para ciclope.