A morte de Danielle Morais, ocorrida nessa terça-feira (25), é uma tragédia que abala profundamente não apenas sua família, mas toda a cidade de Campina Grande. Danielle, mãe de 38 anos, perdeu o filho, Davi Elô, durante o parto no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA). Em seguida, complicações durante o procedimento resultaram na remoção de seu útero, e dias depois, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, vindo a falecer. A dor dessa perda irreparável foi somada à acusação de negligência médica, feita pelo marido de Danielle, Jorge Elô, que denuncia a administração excessiva de medicamentos para indução do parto, o que teria levado às complicações fatais.
A crítica de Bruno Cunha Lima, prefeito de Campina Grande, sobre a politização do caso é, de fato, legítima. Não podemos permitir que a dor de uma família seja usada como moeda de troca em disputas partidárias. A dor de perder uma mãe e um filho é uma das experiências mais devastadoras que uma pessoa pode viver, e não deve ser tratada como um palanque político. No entanto, não podemos ignorar o contexto da saúde pública em Campina Grande, que há meses vem enfrentando um caos administrativo que dificulta a confiança da população nas autoridades locais.
Em coletiva de imprensa, Bruno afirmou que determinou uma investigação aprofundada para determinar se a morte de Danielle teve causas genéticas ou biológicas, ou se, de fato, houve negligência médica. Ele ainda sugeriu que condições genéticas anteriores poderiam ter contribuído para a tragédia, o que, de certa forma, parece uma tentativa de afastar responsabilidades. Mas, em um município onde a gestão da saúde pública tem sido marcada por sérios problemas, como atrasos nos pagamentos dos servidores e a suspensão de serviços essenciais, como a hemodinâmica e um suposto calote no HELP, que atende no SUS do município, fica difícil dar ao gestor o benefício da dúvida.
É preciso lembrar que a situação da saúde pública em Campina Grande não é isolada. O atraso no pagamento dos servidores da saúde, a sobrecarga no sistema devido à suspensão de serviços cruciais, e as dificuldades financeiras enfrentadas por hospitais da cidade são apenas a ponta do iceberg de uma administração que, nos últimos tempos, tem falhado em garantir o direito fundamental da população a uma saúde e outros serviços qualidade.
A politização de um caso como esse é algo que deve ser evitado, sem dúvida. No entanto, é preciso reconhecer que, em uma cidade com uma administração da saúde pública tão fragilizada, essa desconfiança não é fruto de invenções ou exageros. Ela é uma consequência direta do caos administrativo, que compromete a credibilidade das autoridades e dificulta a transparência nas investigações.
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