O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, nesta sexta-feira (18), que desconhece a origem de um pen drive encontrado no banheiro de sua residência durante uma operação da Polícia Federal. Segundo ele, nunca utilizou esse tipo de dispositivo e pretende questionar a esposa, Michelle Bolsonaro, sobre a possibilidade de o item pertencer a ela.
“Uma pessoa pediu para ir ao banheiro, eu apontei onde era, e depois apareceu com um pen drive. Nunca abri um pen drive na vida. Nem laptop tenho em casa. Fico preocupado com isso”, disse Bolsonaro a jornalistas. “Não estou insinuando nada, apenas surpreso. Vou perguntar à Michelle se é dela.”
A declaração foi feita horas após a PF cumprir mandados de busca e apreensão na residência do ex-presidente, em ação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação é mais um desdobramento das investigações que miram suposta atuação de Bolsonaro contra o sistema de Justiça.
A defesa do ex-presidente reagiu com indignação às medidas cautelares determinadas por Moraes, afirmando que elas se baseiam em condutas atribuídas a terceiros. Os advogados classificaram as decisões como desproporcionais e injustificáveis, principalmente quanto à restrição de contato com o filho Eduardo Bolsonaro e a proibição de uso de redes sociais.
Ameaça à soberania
O ministro Alexandre de Moraes entende que Bolsonaro pode ter cometido crimes como coação no curso de processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e atentado à soberania nacional. A avaliação se baseia em declarações públicas feitas pelo ex-presidente relacionando o fim das tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras com a possibilidade de receber anistia.
No início de julho, o ex-presidente americano Donald Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, argumentando que Bolsonaro estaria sendo perseguido politicamente no Brasil. Dias depois, Bolsonaro passou a sugerir que a retirada das sanções econômicas poderia ser condicionada à sua anistia. “A anistia é algo privativo do parlamento”, declarou no dia 17. “Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional.”
Para Moraes, essa articulação configura tentativa de usar pressão internacional para influenciar decisões judiciais no Brasil.
Medidas impostas pelo STF
A Procuradoria-Geral da República alegou risco de fuga e pediu ao STF a imposição de medidas cautelares, após ter solicitado a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e envolvimento com organização criminosa.
Atendendo ao pedido, Moraes determinou que o ex-presidente:
use tornozeleira eletrônica;
permaneça em casa das 19h às 6h e durante fins de semana e feriados;
não mantenha contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras;
não se comunique com outros investigados;
e esteja impedido de utilizar redes sociais.
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