[ASSISTA] “Estamos adoecendo em silêncio”, alerta psiquiatra sobre explosão de casos de ansiedade e burnout no pós-pandemia

Por Lucas Duarte / Fonte83 - 12/10/2025

Dra. Camilla Franca, médica psiquiatra e Diretora do Complexo Hospitalar Juliano Moreira – Foto: Reprodução / Youtube.

A diretora do Complexo Hospitalar Juliano Moreira, médica psiquiatra Dra. Camilla Franca, acendeu o sinal de alerta sobre os impactos da pandemia de Covid-19 na saúde mental dos brasileiros. Em entrevista ao programa “Ô Paraíba Boa, da rádio 100.5 FM, a médica apontou o crescimento expressivo dos afastamentos por ansiedade, depressão e burnout, principalmente entre profissionais da saúde e da educação.

De acordo com Camilla, dados do Ministério da Previdência mostram que, entre 2014 e 2024, os afastamentos do trabalho por transtornos de ansiedade saltaram de 39 mil para mais de 141 mil casos, um aumento superior a 300%. Já os afastamentos por depressão mais do que dobraram no mesmo período. “Não estamos mais falando de prevenção, e sim de uma massa de pessoas já adoecidas. É uma epidemia silenciosa”, alertou.

O cenário, segundo a psiquiatra, piorou drasticamente com a pandemia. “Até 2020, os números vinham estáveis. Quando chegou a Covid, os gráficos explodiram. Nunca vimos um crescimento tão brusco”, disse.

A sobrecarga emocional entre os profissionais da linha de frente foi um dos pontos mais críticos. Mais de 53% dos trabalhadores da saúde apresentaram sintomas de burnout, sendo esse índice ainda maior entre médicos de UTI, chegando a 61%. “Esses profissionais foram empurrados ao limite físico e emocional. Muitos ainda não se recuperaram”, lamentou.

Outro grupo que sofreu forte impacto foi o dos professores. Dependendo da etapa de ensino, os afastamentos por esgotamento variaram entre 30% e 70%. “São profissionais que enfrentaram o caos da pandemia, tiveram que se reinventar e, muitas vezes, adoeceram calados”, destacou.

Camilla também chamou atenção para o preconceito que ainda cerca as doenças mentais. “Muita gente ainda sente vergonha de procurar um psiquiatra. Mas é preciso entender que depressão e ansiedade são doenças como qualquer outra. Não é frescura. É real, paralisa e destrói vidas”, afirmou.

A médica, que também atua como perita federal, relatou que muitos pacientes enfrentam resistência até para voltar ao trabalho. “Há um julgamento social cruel. Pessoas com depressão são vistas como fracas ou preguiçosas. Isso só agrava o quadro”, ressaltou.

Por fim, a diretora do Juliano Moreira defendeu o fortalecimento da rede de apoio à saúde mental no país e campanhas públicas que tratem o tema com seriedade. “Estamos diante de uma crise silenciosa. Precisamos romper esse tabu e cuidar das pessoas que estão adoecendo todos os dias”, concluiu.

Assista a entrevista de Dra. Camilla Franca ao Programa Ô Paraíba Boa:

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