Em um movimento diplomático inesperado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por videoconferência nesta segunda-feira (6), direto do Palácio da Alvorada. O contato durou cerca de 30 minutos e foi acompanhado por Geraldo Alckmin, Celso Amorim, e os ministros Fernando Haddad, Mauro Vieira e Sidônio Palmeira.
Foi o primeiro diálogo oficial entre os dois desde a posse de Trump, em 2024. O gesto sinaliza uma tentativa de distensão em meio ao tarifaço norte-americano, que impõe uma sobretaxa de 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras.
Da ONU ao Alvorada: do aceno à conversa
O contato foi articulado após um breve encontro nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em setembro, onde ambos relataram “boa química”. Desde então, o Itamaraty trabalhou para que o primeiro contato formal fosse por vídeo — uma forma de testar o terreno antes de um possível encontro presencial.
Tarifas, Bolsonaro e diplomacia com cautela
Trump justifica as tarifas com alegações econômicas e críticas veladas à condenação de Jair Bolsonaro, que foi sentenciado a mais de 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A medida é vista por analistas como uma retaliação indireta, já que Trump mantém ligação com o ex-presidente brasileiro.
Apesar das tensões, Lula tem reiterado que está aberto ao diálogo, mas sem abrir mão da soberania nacional ou da independência do Judiciário. “Conversar, sim. Submissão, nunca”, teria resumido um assessor do Planalto.
Geopolítica e interesses em jogo
Mesmo com receios sobre a imprevisibilidade de Trump, a conversa abriu caminho para tratar de interesses estratégicos, como a regulação de big techs e a exploração de terras raras — temas sensíveis e de interesse bilateral.
Diplomatas seguem cautelosos, mas veem no diálogo uma oportunidade para reduzir atritos e buscar convergências políticas e comerciais.
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