O show sujo de Hytalo Santos – e a urgência de dizer basta; por Feliphe Rojas

Por Fonte83 - 11/08/2025

Hytalo Santos

O escândalo envolvendo Hytalo Santos é um tapa na cara da sociedade e um lembrete doloroso de que a infância, no Brasil, segue sendo explorada como mercadoria barata para gerar audiência e lucro. Com cerca de 17 milhões de seguidores, esse influenciador construiu seu império digital usando crianças e adolescentes – muitos emancipados precocemente e vindos de famílias pobres – em conteúdos recheados de adultização, erotização e sexualização precoce.

Não estamos falando de vídeos “polêmicos” ou de “humor ácido”. Estamos falando de menores de idade, alguns que começaram neste ramo com apenas 12 anos, se beijando, dançando de forma explícita, consumindo bebidas alcoólicas e sendo apresentados como personagens de um espetáculo sujo, transmitido para milhões de telas. Tudo isso sob o olhar conivente de plataformas que lucram com cliques e engajamento, mas demoram a agir.

Foi o youtuber Felca, com seu vídeo “Adultização”, quem escancarou esse universo perturbador, provocando uma onda de indignação que resultou na derrubada do perfil de Hytalo no Instagram. Mas derrubar uma conta é pouco. É maquiagem em um problema que exige cirurgia: investigação profunda, punição exemplar e, principalmente, proteção efetiva às vítimas.

O Ministério Público da Paraíba já abriu investigações em João Pessoa e Bayeux. É preciso que as apurações avancem com rapidez e que todos os envolvidos sejam responsabilizados, inclusive pais e responsáveis que permitiram, ou até incentivaram, a participação desses jovens nesse circo de horrores. Consentimento não apaga crime.

A pergunta é: até quando vamos assistir, passivamente, à ascensão e queda de influenciadores que exploram vulneráveis? Até quando vamos dar palco, curtida e compartilhamento para quem transforma inocência em produto?

Se quisermos que a internet seja um espaço de liberdade, primeiro ela precisa ser um espaço seguro. O caso Hytalo Santos tem que ser um divisor de águas. Ou agimos agora, com firmeza e coragem, ou veremos outros “Hytalos” surgirem, repetindo o mesmo roteiro de escândalo, engajamento e impunidade.

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