O senador Efraim Filho (União Brasil) não apenas lançou sua candidatura ao governo da Paraíba com o selo “100% aprovado por Michelle Bolsonaro”. Ele fez algo ainda mais estratégico: ocupou com gosto o vácuo da oposição, aquele espaço que estava mais deserto que plenário de Legislativo em sexta-feira à tarde. E, sem querer querendo, acertou dois personagens que hoje vivem o drama shakespeariano da reinvenção: Ricardo Coutinho (PT) e Veneziano Vital (MDB).
Ricardo e Veneziano são lulistas raiz, tiram selfie sorrindo ao lado do presidente e ainda compartilham os posts do governo federal com coraçãozinho. Mas na Paraíba, com a esperteza de Efraim, correm o risco de ver Lula de braços dados com o candidato ao Governo do desafeto de ambos: João Azevedo.
A missão de Ricardo agora é nível hard: convencer Adriano Galdino a sair do Republicanos — onde ele é general — e vestir a camisa da esquerda. Detalhe: precisa também fazer Veneziano engolir seco essa ideia, mesmo ele tendo, segundo interlocutores, engasgado com o nome de Adriano mais de uma vez.
Se isso falhar, Veneziano pode tentar outro malabarismo: emplacar Cícero Lucena como candidato da base de Lula. Isso mesmo, convencer Ricardo a apoiar seu maior desafeto político de todos os tempos — aquele com quem ele não se bica nem na fila do pão. E, claro, fazer Cícero aceitar andar de braços dados com quem ele sempre fez questão de manter a léguas de distância.
Resumo da ópera: enquanto Efraim já está com palanque, tropa, discurso e até bênção bolsonarista, Ricardo e Veneziano estão tentando montar um quebra-cabeça onde as peças se repelem. E o tempo, esse ingrato, já começou a correr. Próximo capítulo? Pode ser drama, pode ser comédia… ou tragédia anunciada. A ver…