Nem bem os votos da eleição do ano passado terminaram de ser contados, o senador eleito e empossado, Efraim Filho, se colocou em campo como candidato a governador da próxima eleição, fechando desde logo o caminho de Pedro Cunha Lima, que seria o candidato natural da oposição. Nesse avanço sobre o terreno do aliando, Efraim ofereceu ao prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, e este aceitou, filiar-se ao União Brasil, partido do qual se tornou dono na Paraíba, mais um movimento para isolar Pedro, agora no colégio eleitoral que foi sua maior base na última eleição, onde obteve 67,36%.
Sem prefeitos porque sem mandato federal, Pedro Cunha Lima é obrigado, aparentemente, a ceder a vaga de candidato a governador, aceitando abrir mão de uma candidatura que, por direito, foi conquistada nas urnas, quando disputou o governo, obtendo quase 48% dos votos. É bom relembrar o quadro eleitoral do final de 2021, quando tudo apontava para mais uma derrota da oposição na Paraíba. Na ausência de nomes considerados mais competitivos, como o de Romero Rodrigues, Pedro aceitou o desafio de ser candidato a governador, decisão que foi, para alguns, considerado um ato de sacrifício pessoal, já que ele abandonava ali a chance de se reeleger deputado federal para não deixar seu grupo político órfão de um nome na disputa majoritária.
Por isso, considero inexplicável o fato de Pedro Cunha Lima não ter saído da disputa de 2026 já com candidatura ao governo lançada pelo grupo de oposição do qual faz parte. Vale refletir. Efraim Filho teria sido eleito senador caso Pedro Cunha Lima não tivesse sido candidato a governador, o que abriu o palanque que faltava para que seu “foguete” saísse do chão?
E mais. Quem, entre os nomes hoje apontados como potenciais candidatos da oposição, começaria hoje essa jornada com um portfólio eleitoral do calibre que Pedro Cunha Lima construiu, depois de oito anos de atuação na Câmara Federal e uma candidatura ao governo? Além do recall, a campanha de governador tornou conhecido seu discurso, estadualizou sua imagem, mais que tudo, conferiu-lhe personalidade, traços políticos que permitiu-lhe deixar de ser apenas o “filho de Cássio”, atributo pouco lembrado durante a campanha, para ser um político com ideias próprias e um candidato com programa ousado.