O jornalista João Paulo Medeiros, que assina o blog de política Pleno Poder, no Jornal da Paraíba, chamou atenção, ontem, para a incongruência entre as companhias que o senador Veneziano Vital do Rego adotou na política paraibana, com as que ele costuma aparecer nos salões do Congresso e nos gabinetes da Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
No artigo, Medeiros lembra as três armas políticas que Veneziano dispõe e que lhe tem permitido concentrar muito poder na capital federal: ser vice-presidente do Senado, ter sido um dos primeiros a declarar apoio a Lula no MDB do Nordeste e ser irmão de um ministro do TCU. “Esses três pontos contam muito para manter portas abertas em Brasília”, arremata.
Se a influência que Veneziano Vital tem hoje em Brasília é útil para liberar recursos destinados às obras federais no estado e a prefeituras administradas por aliados, o Senado tem se tornado, em razão dos afagos do atual presidente, Rodrigo Pacheco, aliadíssimo de Veneziano, à bancada bolsonarista, a Casa legislativa que mais tem criado problemas para o governo Lula — rejeição, sem justificativas plausíveis, do nome indicado por Lula para o cargo de Defensor Público-Geral Federal, avanço de projetos que limitam poderes de ministros do STF, derrubada do veto de Lula ao Marco Temporal das Terras Indígenas, entre outras questões.
Na Paraíba, a proximidade com desafetos de Lula é notória desde o segundo turno da eleição passada. No renhido segundo turno entre Lula e Bolsonaro, a maneira que Veneziano optou para retribuir o apoio de Lula e do PT à sua candidatura a governador, foi subir no palanque de Pedro Cunha Lima, que se manteve neutro na disputa, ao invés de apoiar João Azevedo, que desde o primeiro turno pedia votos para o petista.
Porém, quem achava que depois de declarados os vencedores e dos palanques desfeitos, Veneziano mudaria de rota, o que se viu foi a consolidação de uma aliança com o senador Efraim Filho, entre os remanescentes dos embates entre PT e PSDB, o maior adversário de Lula e do PT na Paraíba, agora com as forças revigoradas depois da eleição para o Senado. Com a agravante de que, como até os corais de Areia Vermelha sabem, Efraim Filho é candidato a governador, em 2026, e não se vislumbra nenhuma possibilidade, por menor que ela seja, de sua candidatura ter o apoio de Lula e do PT.